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O grupo mineiro Tecnometal passou os últimos 20 anos se dedicando a produzir equipamentos de grande porte para as mineradoras. Especializou-se em transportadores de correia e tem entre seus clientes grandes grupos como Vale, Samarco e EBX. Nos últimos meses, no entanto, a empresa entrou num novo negócio: o de geração de energia solar. A Tecnometal está fabricando placas fotovoltaicas para gerar eletricidade na sua unidade de Campinas (SP) - um produto sem concorrentes nacionais.
A nova divisão Tecnometal Energia Solar foi equipada com linha de montagem importada dos Estados Unidos e também com equipamentos nacionais. "Já investimos aproximadamente R$ 20 milhões e somos hoje os únicos fabricantes do Brasil de placas fotovoltaicas", afirma o presidente da Tecnometal, Marcelus Geraldo de Araújo.
As placas que saem da fábrica em Campinas são diferentes daquelas usadas para captar o calor do sol e aquecer a água. Os sistemas fotovoltaicos exigem uma tecnologia mais avançada capaz de captar a luz do sol e transformá-la em energia elétrica.
"O grande benefício da geração fotovoltaica é que se consegue produzir energia no ponto de consumo", diz Araújo. E como o Brasil tem muita insolação, a energia solar é uma boa opção - ainda que parcial - para alimentar residências e até indústrias, afirma o empresário.
A Tecnometal está trabalhando em um projeto num condomínio residencial em São Paulo, que terá postes fotovoltaicos nas vias internas. Já vendeu placas para algumas residências na cidade e equipou um centro de pesquisas da Embrapa, em Brasília, com seus sistemas.
O preço de instalação de placas numa casa onde moram, por exemplo, três a quatro pessoas é de cerca de R$ 20 mil, diz Araújo. Com esse valor é possível captar a luz do sol e gerar energia elétrica durante o dia - mas não armazená-la, o que exigiria um sistema de muito mais caro.
Shoppings, grandes distribuidoras, indústrias, residências e até estádios de futebol são potenciais clientes da Tecnometal, diz Araújo. O momento parece mesmo propício. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu, em agosto, uma chamada para que empresas de geração, transmissão e distribuição de energia apresentassem projetos de pesquisa e desenvolvimento. O objetivo da agência reguladora é estudar a inserção a geração fotovoltaica na matriz energética brasileira.
Segundo a agência, os projetos serão analisados até o fim deste mês e os escolhidos deverão realizá-los em três anos. Muitos dos projetos que as empresas apresentaram à Aneel tiveram apoio da Tecnometal e se alguns deles for escolhido, será um impulso importante para a fábrica de Campinas. "De repente, todo mundo começou a se interessar por energia fotovoltaica", diz o presidente da companhia. "Percebemos que há grandes oportunidades para agregarmos faturamento ao grupo Tecnometal com esse segmento de energia", completa o executivo.
O grupo é formado pela Tecnometal Engenharia (sediada em Vespasiano, na Grande Belo Horizonte), Koch do Brasil, Tecnometal Equipamentos, além da nova divisão de energia solar. Ele faturou cerca de R$ 350 milhões no ano passado e, segundo Araújo, deve atingir um receita de R$ 400 milhões este ano.
Na Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), que tem desde o ano passado um grupo para discutir a energia fotovoltaica, uma das principais bandeiras é que o governo venha a permitir que geradores desse tipo de energia possam vender o excedente na rede. Países europeus, entre eles a Alemanha, já permitem isso.
"No mundo inteiro, onde a energia solar já foi instalada, isso aconteceu por decisão política. E acreditamos que no Brasil isso está a ponto de acontecer", afirma Araújo.
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