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Sergio Marchionne, presidente da Fiat, teve o que chamou de "momento único na vida" em 2009, quando o presidente Barack Obama escolheu sua empresa para salvar o Chrysler Group. O comandante das duas deve estar recordando o passado no momento em que as situações se invertem.
A quase falimentar companhia americana, que se tornou majoritariamente pertencente à Fiat neste ano, está amparando sua controladora baseada em Turim, Itália, no momento em que a crise da dívida europeia está deprimindo as vendas. A Chrysler deve superar em 87% o lucro operacional da Fiat no segundo semestre, e esse quadro provavelmente vai continuar em 2012, segundo avaliações de analistas.
"A Fiat estaria muito vulnerável agora sem a Chrysler, com poucas opções industriais e financeiras ao seu alcance", disse Emanuele Vizzini, diretor de investimento da Investitory Sgr, em Milão, que vendeu ações da Fiat em agosto.
Embora a revitalização da Chrysler proporcione uma proteção à Fiat, tendo em vista a recessão na Itália, a recuperação da companhia baseada em Auburn Hills, Michigan, sob o comando de Marchionne, aprofundou os problemas da companhia na Europa.
Com a unidade americana sugando recursos de desenvolvimento e administração, a Fiat ficou com modelos envelhecidos e uma participação de mercado em queda, o que deixou a maior fabricante da Itália à mercê dos lucros historicamente voláteis da Chrysler.
"No longo prazo, nem a Fiat nem a Chrysler teriam se sustentado sozinhas", disse Marchionne, em 7 de outubro, em Montreal. "A Fiat era demasiado pequena e prejudicada demais por um modelo de negócios inadequado na Europa para ter qualquer esperança de futuro."
A Chrysler poderá registrar lucros antes de juros, impostos e itens extraordinários, de US$ 1,18 bilhão no segundo semestre de 2011, ante US$ 629 milhões das operações tradicionais da Fiat, incluindo os lucros das marcas Ferrari e Maserati, segundo estimativas médias de seis analistas.
O lucros comerciais da fabricante americana, que foram consolidados nos resultados da Fiat a partir de junho, poderão atingir US$ 2,6 bilhões no próximo ano, 77% mais que o US$ 1,47 bilhão da Fiat.
Grupo global
A reviravolta da Chrysler não ajudou Marchionne a convencer os investidores de seu plano para criar um grupo automobilístico global rival da Volkswagen. As ações caíram 40% nos últimos três meses, o segundo pior desempenho no índice para o setor automobilístico da Bloomberg News, após a PSA Peugeot Citroën, da França.
"Se a Fiat está dependendo da Chrysler, ela é uma aposta ruim, porque a Chrysler ainda é um ponto de interrogação", disse Gerald Meyers, professor de administração da Universidade de Michigan, em Ann Arbor.
"Levará dois ou três anos para sabermos até se a Chrysler vai ser bem-sucedida, quanto mais sustentável." A Chrysler, que esteve sob três donos diferentes num espaço de quatro anos, registrou prejuízos líquidos de US$ 34 bilhões de 2006 a 2010, segundo documentos encaminhados pela montadora à Securities and Exchange Commission (SEC, equivalente à CVM brasileira). As vendas da terceira maior fabricante automotiva dos Estados Unidos caíram 48%, de 2,1 milhões de veículos em 2005 para 1,1 milhão no ano passado.
A Moody's rebaixou a em dois graus a nota da Fiat, para menos do que o grau de investimento, no mês passado, movida por preocupações sobre a estabilidade financeira da combinação com a Chrysler. A empresa de classificação de risco citou também as renovações infrequentes de modelos na Europa e o aumento da competição no Brasil, onde a Fiat é lucrativa.
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