Goiás lança programa de qualificação para formar 500 mil trabalhadores

Para combater a ameaça de um apagão de mão de obra, o governo de Goiás lança amanhã um programa de qualificação profissional - anunciado como "o mais abrangente do Brasil" feito por governos estaduais - para formar 500 mil trabalhadores até o fim de 2014. Serão investidos, apenas com recursos públicos, cerca de R$ 600 milhões nos próximos três anos e meio. "A preocupação não é só qualificar, mas inserir essas pessoas no mercado de trabalho", afirma o secretário goiano de Ciência e Tecnologia, Mauro Fayad. Por isso, a formação técnica está orientada pela demanda da iniciativa privada e busca aproveitar a vocação econômica de cada região do Estado.
 
No município de Catalão, onde está instalada uma fábrica da Mitsubishi e há um polo de mineração, privilegia-se a formação nas áreas metal-mecânica e química. Em destinos turísticos, como Caldas Novas e a cidade histórica de Goiás, os cursos são preferencialmente nos segmentos de gastronomia e hotelaria.
 
Goiás, com quase 6 milhões de habitantes, tem o nono maior PIB do país. Batizado de Bolsa Futuro, o programa do governo estadual procura "antecipar-se ao apagão de mão de obra", define Fayad. Até o fim de seu mandato, o governador Marconi Perillo (PSDB) promete graduar cerca de 8% da população do Estado.
 
Haverá cursos como de operador de máquinas agrícolas, técnicas de reprodução animal e destilador de etanol. A montagem dos cursos recebeu assessoria externa - da Fundace, vinculada à USP de Ribeirão Preto, e do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad).
 
Os cursos terão duração máxima de seis meses e 200 mil vagas estão previstas para a população de baixa renda. De acordo com o secretário, quem está inscrito no Bolsa Família ou no Renda Cidadã (o programa estadual de distribuição de renda) deverá receber benefício adicional de R$ 75 em espécie, além do valor do curso. "Independentemente da ajuda extra, qualquer pessoa poderá se inscrever nos cursos."
 
O pessoal de baixa renda terá um "ciclo comum" de formação, destinado a uniformizar o conhecimento "muito heterogêneo", segundo Fayad. Fazem parte desse pacote cursos de português e matemática básicos, além de redação. A frequência mensal mínima de 75% nas aulas e nota igual ou superior a oito garantirá aos estudantes de baixa renda um mês a mais de benefício financeiro, adicional aos cursos.
 
Segundo estatísticas do Ministério do Trabalho, Goiás é o Estado que teve o maior aumento na contratação de mão de obra com carteira assinada no primeiro semestre. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam crescimento de 7,53% das vagas formais entre o fim do ano passado e junho de 2011 - o ritmo de expansão é o dobro da média nacional.
 
Para viabilizar o ensino a distância - apenas 4 das 12 horas-aula semanais serão presenciais, o governo de Goiás tenta impulsionar o uso de banda larga no Estado. Foram fechadas parcerias com entidades empresariais, como a federação das indústrias e associações comerciais, para facilitar a oferta de vagas aos alunos que se formarem no Bolsa Futuro.


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