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Antes mesmo de o governo federal anunciar um pacote que estimula a nacionalização, grandes fabricantes mundiais de equipamentos para o setor de energia já estavam com seus planos em curso apostando fortemente no crescimento do país. A empresa suíça ABB, uma das grandes fornecedoras da tecnologia de transmissão de corrente contínua do linhão do Madeira, anunciou investimentos de US$ 200 milhões até 2014 para ampliar sua fábrica em Guarulhos e construir uma nova unidade em Sorocaba, onde adquiriu um terreno de 125 mil metros quadrados da Flextronics.
Só neste ano, a empresa contratou 400 funcionários em função de sua expansão, cerca de 10% a mais do que tinha no fim do ano passado em seus quadros. A meta é chegar a 7,5 mil em 2015. "Crescemos uma média de 25% por ano, nos últimos cinco anos", diz o presidente da ABB Brasil, Sérgio Gomes. "E por isso vislumbramos a necessidade de expansão". Só com o projeto do Madeira a empresa vai faturar US$ 700 milhões.
Além do crescimento do sistema de transmissão para conectar grandes hidrelétricas, um dos incentivadores desses investimentos é o pré-sal. Mas, segundo conta Gomes, está longe de ser o fator decisivo. A empresa também fornece equipamentos para o setor de mineração e para interligar parques eólicos ao sistema elétrico. Os negócios dos ventos estão sendo fortemente incentivados pelos leilões do governo federal e fizeram a companhia voltar seus olhos para o Brasil. Além disso, a empresa adquiriu recentemente nos Estados Unidos, por cerca de US$ 2 bilhões, duas empresas que produzem software para redes inteligentes do setor elétrico e também para controle de equipes das empresas de distribuição. "A cobrança para que as distribuidoras melhorem seus serviços certamente será bom para nossos negócios", diz Gomes.
Mundialmente a companhia fatura US$ 35 bilhões por ano, em 120 países. O Brasil é um dos 20 maiores mercados da empresa e faturou no ano passado R$ 1,8 bilhão. Dentro da estratégia mundial da ABB, o país está entre os cinco com atenção especial nos próximos anos. "Nossa meta de investimento é para multiplicar por 1,5 vez o nosso faturamento do país", diz Gomes.
O Brasil passou a ser uma base importante de crescimento não só na América do Sul como também da América Central. Desde 1º de julho, o executivo, que começou na empresa como estagiário, ainda na década de 80, e que é responsável pela América do Sul, passou a ser o responsável pela atuação também na América Central, que até então estava ligada ao México. Gomes explica que muitas empresas brasileiras estão fazendo negócios no centro americano e vislumbra ainda a interconexão energética entre as duas regiões.
Em eólicas, a empresa quer usar sua expertise em corrente contínua para redes offshore, que ligam parques eólicos instalados no meio do mar ao continente por meio de cabos submarinos. Ontem, a ABB anunciou um contrato de US$ 1 bilhão com um parque alemão que tem capacidade de gerar 400 megawatts (MW). "No momento em que se discute a energia nuclear, esses grandes projetos marítimos são fundamentais para os países europeus", diz Gomes. A tecnologia ainda é bastante cara mas tende a chegar no país. Só em cabos para a transmissão o custo é entre 10% e 15% maior do que fazer a mesma ligação em terra.
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