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As exportações brasileiras de manufaturados estão cada vez mais dependentes do Mercosul. Entre 2005 e 2010, as vendas desses produtos para os países do bloco cresceram 90,3%, respondendo por 68,7% do aumento das exportações de manufaturados no período, segundo números da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex).
Com isso, a fatia do Mercosul nas vendas desses produtos subiu de 16,5% em 2005 para 25,8% em 2010, fazendo do bloco o principal destino dos manufaturados brasileiros. Na direção oposta, as exportações desses bens para os EUA despencaram, registrando um recuo de 37,8% nesses cinco anos, o que derrubou de 24,9% para 12,7% a participação americana nas vendas de produtos industrializados.
"O desempenho das exportações de manufaturados só não está pior por causa do forte crescimento das vendas para o Mercosul", diz o economista-chefe da Funcex, Fernando Ribeiro. De janeiro a maio deste ano, o bloco continuou a ganhar terreno. Com a alta de 30% sobre igual período de 2010, a fatia do Mercosul alcançou 27,3% das vendas de produtos industrializados. Ribeiro afirma que o forte crescimento dos países vizinhos, em especial da Argentina, tem ajudado o Brasil a expandir exportações desse produtos para o bloco. O fato desses países se aproveitarem do aumento dos preços de commodities contribui para esse movimento, já que há mais renda para compra de manufaturados brasileiros.
O economista também destaca o aumento expressivo das vendas de automóveis entre 2005 e 2010 para o Mercosul, contribuindo com 43% da expansão das exportações de manufaturados no período. Segundo ele, as empresas do setor têm conseguido aumentar preços nas vendas para a Argentina. O ponto é que a elevada inflação no país vizinho valoriza o câmbio por lá, o que torna a apreciação do real menos prejudicial do que nas vendas para outros países. Ribeiro ressalta também as elevações expressivas nas exportações para o Mercosul de produtos dos setores de máquinas e equipamentos e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos. "O Mercosul tem sido o único grande mercado dinâmico para as exportações do país", resume ele, para quem isso justifica a importância estratégica atribuída ao bloco na política externa do país, assim como também mostra que vale a pena fazer o "máximo esforço" para atenuar e resolver conflitos comerciais com os países-membros.
Já as exportações de manufaturados para os EUA vão de mal a pior. Entre 2005 e 2010, houve queda em valores absolutos de quase 40% das vendas para o país, que perdeu o posto de principal destino desses bens que ocupava desde a década de 1980. As exportações de outros equipamentos de transporte (grupo em que aviões têm o maior peso) caíram nada menos que 67%, refletindo a retração do mercado americano por aeronaves, diz Ribeiro.
Há outros segmentos, segundo ele, em que o recuo se dá mais por perda de competitividade em relação a produtos de outros países, especialmente os asiáticos como a China. É o caso dos setores de máquinas e equipamentos, com queda de 22,5% em cinco anos, e de calçados e artigos de couro (tombo de mais de 60% no período). De janeiro a maio deste ano, a fatia dos EUA nas exportações de manufaturados caiu mais um pouco, para 12,4%.
Já a União Europeia registrou um pequeno aumento na sua fatia como destino das exportações brasileiras de manufaturados. De 2005 a 2010, a participação dos países europeus cresceu de 16,5% para 19,4%. A questão, segundo Ribeiro, é que a alta ocorreu em segmentos em que o movimento foi puxado principalmente pelo aumento de preços, como o de produtos químicos e o de alimentos e bebidas. Muitos dos produtos desses segmentos têm características de commodities, apesar de classificados como manufaturados, diz.
De modo geral, as exportações de manufaturados brasileiros têm decepcionado bastante, tanto que a participação desses produtos nas vendas totais caiu de 55,1% em 2005 para 38,4% em 2010.
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