Montadoras apontam os desafios de desenvolver novos polos automotivos

O desafio de estruturar fábrica e parque de fornecedores foi tema de discussão do Simpósio Manufatura na Indústria Automobilística, realizado pela SAE Brasil e organizado por Automotive Business nesta segunda-feira, 27. O encontro destacou a descentralização da produção automotiva no país. Em 1990, 74% dos veículos fabricados no Brasil eram montados Estado de São Paulo. Hoje a região produz 45,4% do total. A pulverização das plantas seguiu a oferta de incentivos fiscais em outras regiões e a tendência de processos mais modernos. “Devemos alcançar a produção de 300 mil veículos na planta de Gravataí (RS) este ano. É um número administrável”, conta José Eugênio Pinheiro, vice-presidente de manufatura da General Motors.

O executivo enxerga nas plantas que produzem de 200 mil a 250 mil unidades por ano as soluções mais adequadas. “Se houvesse necessidade de uma nova fábrica eu faria algo assim”, revela. Para ele, as empresas que estão se instalando no Brasil com estas medidas têm boas chances de garantir eficiência na produção.

O executivo conta que as fábricas mais antigas, como a que a montadora tem em São Caetano do Sul (SP), demandam uma série de adaptações por terem desenhos ultrapassados, desenvolvidos para outros formatos de logística, produção e estoque. “Todos buscam competitividade, nossa unidade de Gravataí já foi pensada em parceria com os 17 sistemistas que estão instalados lá”, conta.

A Ford enfrentou desafio semelhante quando levou uma operação para Camaçari (BA), em 2001. O complexo fabril, que abriga 26 fornecedores, começou devagar até ganhar ritmo. “Hoje tudo está mais equilibrado”, conta Cicero Melo, gerente da planta. Foi necessário adaptar a logística e treinar os funcionários.

No início, a liderança da unidade e uma equipe de engenheiros foi levada de São Paulo para formar equipes na região. Outra saída para garantir a mão de obra foi firmar um convênio com o Senai, que forma os operadores. Com isso, a planta ganhou equilíbrio. Outro desafio foi ajustar a gestão de todas as empresas instaladas no complexo. “A regra básica é o respeito à cultura de cada companhia”, explica.


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