Como garantir credibilidade ao seu plano de negócios

Há tempos que escuto a afirmação de que no Brasil não faltam recursos para o investimento de risco, mas sim, bons projetos. Honestamente, e por experiência pessoal, posso endossar a afirmativa. Desde os anos que precederam a bolha da internet, ou seja, há mais de treze anos, nunca em nenhum momento, mesmo diante dos contextos econômicos mais críticos observei o fechamento total das torneiras dos investidores.

Ocorreram sim, fechamentos temporários, necessários para a análise e a acomodação dos ânimos do mercado diante das crises mais pesadas, mas nada que tenha durado mais de quatro ou cinco meses. Passado a fase de análise e entendimento, as negociações com investidores de risco sempre puderam ser retomadas ou iniciadas a corda total.

Contudo, existe uma grande distância entre enviar o seu projeto para a análise de um fundo de investimentos, e ser convidado para uma rodada de análise e negociação preliminar. Uma série de fatores influenciam, mas hoje gostaria de tratar daquele que é peça fundamental para o início de qualquer conversa sobre investimentos. Trata-se do velho, manjado e fundamental Plano de Negócios. Elaborá-lo da forma correta não é tarefa fácil, e invariavelmente é missão para profissionais do ramo. Cientes disso e certos de que você não vai querer morrer na praia, apresentando um material inadequado, decidi destacar algumas dicas que podem ajudar bastante.

Vamos lá:
1- Jamais prepare um material que tente persuadir. Investidores não querem ser convencidos, mas desejam descobrir sozinhos e sem nenhum empurrão de que aquele projeto não merece ir apara a gaveta.

2- Em lugar de tentar seduzir o analista, ofereça um material rigorosamente organizado.

3- Acople ao plano um estudo de viabilidade flexível, permitindo ao analista estressar todas as variáveis.

4- Cuide com cuidado da parte documental que acompanha o plano. Registro de marca, contratos e protocolos assinados com parceiros e aliados estratégicos conferem força ao projeto e deixam claro a sua preocupação com questões chaves.

5- Exponha, de preferência em formato documental, as referências que foram utilizadas para montar o plano.

6- Fuja de modelos acadêmicos, sem ultrapassar os limites do desconhecimento conceitual. Em lugar disso seja rigoroso nos detalhes, com tudo muito bem explicado de forma objetiva e coerente.

7- Quando estiver elaborando o plano, imagine-se na pele do analista que terá que justificar o motivo pelo qual dedicou tempo e outros recursos para analisar o seu plano em detrimento de outros que lamentavelmente foram parar na gaveta ou no lixo.

8- Fuja dos modismos de gestão, que podem arrancar mais gargalhadas do que reconhecimento efetivo e jamais tente parecer algo que realmente não é. Analistas de investimento farejam infantilidades empresariais e inconsistências a quilômetros de distância.

9- Ofereça prazos realistas ao longo de todo o planejamento.

10- Especifique claramente as circunstâncias e passagens críticas, oferecendo de forma detalhada as devidas rotas de contingência.

11- Tente transmitir o máximo de frieza e pragmatismo.

12- Exponha de forma estruturada a solução para a saída do fundo de investimentos, com a consciência de que um eventual aporte de capital está mais para um casamento com divórcio previsto do que algo como “felizes para sempre”.

13- Com o plano de negócios elaborado, mantenha uma rotina de permanente atualização, considerando não apenas um longo período de negociação com resultados imprevisíveis, mas também o surgimento de novos interessados.

De resto, toque o negócio com capital próprio de forma que ele fique fortalecido ao longo do caminho, preferencialmente com parte das ações anunciadas no plano já em execução.

Vá em frente e boa sorte!

Gustavo Chierighini, da
Plataforma Brasil


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