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Todo mundo tem um chiliquento na vida. Seja um chefe, um colega de trabalho ou até mesmo o Neymar. O chilique é uma instituição corporativa. Uma ferramenta de gestão, Um recurso de comunicação, Uma habilidade da liderança. Quando a pessoa esgota seus recursos lógicos – o que, no caso do chiliquento, dura meros segundos – lá vem a explosão verbal, a chantagem emocional, a birra infanto-hierarco-compulsória que assola o ambiente de trabalho.
O chilique tem raízes muito profundas e razões um tanto obscuras, ele foi aprendido como recurso de negociação pelo chiliquento e tem origem na insegurança da pessoa e imaturidade em resolver conflitos.
Apesar de todo esse cenário desolador, lidar com o chilique pode ser bem mais fácil e proveitoso do que você pode imaginar e se você seguir os passos adiante terá resultados incríveis.
1. Não entre no jogo. (apenas escute)
Essa é a regra de ouro. A megahiperultradica das megahiperultradicas. Não se envolva. Ignore.Pelo menos de início.
O chilique tem um forte teor emocional e o que o chiliquento mais quer é uma boa discussão sem pé nem cabeça onde ganha quem grita mais.
O chilique tem por objetivo o embate, a briga, o enfrentamento. Mas lembre-se: quando um não quer, dois não brigam.
O melhor antídoto do chilique é o silêncio, a tolerância e a calma.
Quer deixar um chiliquento P da vida? Fique quietinho, olhando em seus olhos com a maior calma do mundo pelo tempo que for necessário até que apareça a célebre frase “E ai? Não vai dizer nada?” (essa é a sua deixa)
*vá para o item 4 se estiver quase tendo um chilique pra saber o que fazer.
2. Apenas Ouça. Perceba o que está sendo dito.
Durante o chilique – já que você vai esperar até o surtado se acalmar – uma boa idéia é ouvir o que (não) está sendo dito. Durante esses acessos de cólera o chiliquento acaba entregando mais do que ele gostaria ou tem noção.
Perceba quais palavras ele utiliza, sobre o que ele está reclamando, quais são suas reinvidicações e, principalmente, qual sua motivação para ter esse comportamento. (o que ele busca com isso?)
3. Você sabe com quem está falando? (Dê uma fama para ser cuidada)
O chilique não é uma exclusividade de jogadores de futebol megaestrelas ou artistas hollywoodianos. Ele vem de qualquer lugar, de qualquer esfera, de qualquer pessoa.
Quem é o chiliquento? Seu chefe? Seu funcionário? Colega de trabalho?
Por que isso é importante?
A noção de status ou auto imagem que a pessoa tem de si exerce uma influência enorme no bem estar do chiliquento, tanto que ativa os mesmos circuitos do instinto de lutar ou fugir no cérebro e qualquer alteração do status quo (estado original percebido) é vista como uma ameaça das mais perigosas.
Se você entender qual é a noção de status ou auto imagem que o chiliquento tem você pode usar isso a seu favor dizendo por exemplo:
“Não acredito que uma pessoa tão inteligente e promissora precise sair do equilíbrio para demonstrar um ponto de vista” Pronto, matou o chilique.
4. Você tá reclamando do quê? (peça explicações)
Pronto. Agora que o chiliquento está mais calmo chegou a hora de entendermos o chilique.
Mesmo que você tenha entendido completamente o que o chiliquento queria e dizia durante o showzinho é fundamental esclarecer tudo. E isso servirá muito mais a ele do que a você. Você pedirá explicações e isso o forçará a racionalizar sua raivinha para lhe dar as respostas e consequentemente ele também entenderá melhor o que quer com a birra (além da birra é claro). O que você está fazendo aqui é amenizando o fator emocional e dando uma chance do chiliquento perceber que existem outros meios de se resolver a coisa.
Megahiperultradica: peça para o chiliquento nomear a emoção que está sentindo. Neuroscientistas descobriram que nomear uma emoção negativa ajuda a diminuir a sensação dela. É que o cortex pre-frontal (área do cérebro que se desenvolveu por último e relacionada com pensamentos lógicos, decisões, avaliações, pensamentos abstratos, etc) ameniza o funcionamento da amigdala (parte de nosso cérebro primitivo) e é responsável por nossas respostas de medo, ameaça, etc.
5. Traduza para seu idioma.
Essa é a segunda chance do chiliquento internalizar sua real intenção com o chilique. Aqui você pegará tudo o que ele falou (e o que você percebeu) e vai reformular com suas palavras.
“pelo o que eu entendi você está dizendo que…” e diga em outras palavras ou contextualizando melhor ou trazendo outros pontos de vista para a conversa.
Além de ajudar a esclarecer e evitar interpretações erradas que só poderiam piorar a situação, todo esse processo dá tempo ao chiliquento para se acalmar e, o mais importante de todo o processo, cria confiança.
O chiliquento percebe que você quer se conectar com ele, quer entender o seu mundo e que dessa forma você o respeita (lembra do status?)
6. Foque na solução.
Depois de dar tempo ao tempo, esclarecer a confusão emocional, manter o status do chiliquento, chegou a hora de encontrar uma solução.
Deixe de lado qualquer impulso de buscar culpados pelo evento, mesmo que existam nomea-los só vai aumentar as chances de novos chiliques.
Foque na situação, nas atitudes que precisam ser tomadas para que tudo se resolva. Para isso conte com a ajuda do chil… (você sabe quem) peça participação na solução pois assim você evitará futuros chiliques sobre o mesmo tema.
7. Chiliqueback – O feedback do chilique
Chegamos ao item que deu origem a este post. Chiliqueback nada mais é do que repassar todos os acontecimentos (itens 1 ao 6) e seus desdobramentos até o momento atual.
Convide o chiliquento para este exercício. Diga “vamos repassar tudo o que aconteceu até aqui só pra ver se eu entendi?”
Neste momento ele já está mansinho e você tem a oportunidade de estabelecer, a partir deste momento, uma crítica construtiva do que aconteceu.
8. Comprometa o chiliquento
Bom, depois de ter todo esse trabalho só pra controlar um chiliquento que não tem nada mais a fazer do que ficar de birra pelos quatro cantos do escritório você precisa compromete-lo a evitar a todo o custo outro chilique. Mostre como a situação ficou bem melhor depois que todos se acalmaram e passaram a conversar sobre o que lhes incomodava e que essa é a melhor maneira de obter resultados positivos e rápidos.
Reforçe a fama criada no item 3.
Um bom começo é compartilhar com ele o que você sente, quando ele tem este tipo de atitude.
“quando eu vejo você entrando na sala comesse olhar minha barriga gela e eu nem sempre sei o que causou isso o que me causa certa frustração de não poder ajudar da menira que eu gostaria e isso me faz sentir impotente diante de uma pessoa que é importante no meu dia a dia”
9. Estabeleça as regras do jogo (para o próximo jogo)
Para finalizar, estabeleça um contrato com o chiliquento. Defina uma atitude a ser tomada por você em relação ao chiliquento a próxima vez que um chilique acontecer.
Pode ser: “caso ocorra novamente, eu me ausentarei do recinto em que você estiver até que você se acalme e possa me explicar/pedir/mostrar o que você quer”
O bom desse passo é que o chiliquento pode ser seu chefe, funcionário ou colega de trabalho que da próxima vez que ele chilicar você pode ter essa atitude sem que ele se sinta diminuido, agredido ou ignorado e sua imagem junto a ele não será afetada.
Se ele perguntar se você está ameaçando diga que não, que está avisando e estabelecendo um comportamento aceitável e acordado pelos dois em um momento de forte emoção e que se ele quiser pode fazer o mesmo com você.
10. Critique em particular, elogie em público
Sem mais delongas faça o que o item 10 diz: Critique sempre em particular, elogie sempre em público e você vai potencializar a influência de suas palavras.
Faça o que eu digo e ninguém sai ferido. Caso você discorde ou tenha algo a acrescentar, por favor, tenha seu chilique nos comentários.
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