Fonte: Infomoney - 10/05/07
O gerente de Relações com Investidores da Arcelor Mittal, Rony Stefano, disse ontem acreditar que a oferta pública (OPA) pelas ações da Arcelor Brasil já foi aceita por mais de dois terços dos acionistas minoritários da companhia. Esse é o número mínimo necessário para viabilizar a operação e o posterior fechamento de seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Stefano, que desembarcou no país na última segunda-feira (7) para se reunir com representantes dos minoritários, disse que alguns acionistas ainda estão "indecisos". Ele sinalizou, porém, que os dois terços necessários para a realização da oferta já se mostraram "interessados" na venda de suas participações.
A aceitação, no entanto, não garante que o leilão dos papéis seja mesmo realizado no dia 4 de junho, como está programado. Para fechar o capital da empresa, a oferta precisa de adesão de, no mínimo, 95% dos acionistas. Caso fique abaixo desse nível, a oferta poderá ser estendida por mais três meses. Persistindo o impasse, a empresa terá o registro de companhia aberta cancelado e os minoritários discordantes "se tornarão sócios de uma empresa de capital fechado", segundo explicou o executivo.
O valor que será pago para cada ação da Arcelor Brasil no leilão vai depender da cotação do papel da Arcelor Mittal em 1º de junho na Bolsa de Valores de Nova York. Definido em 13,7165 euros, o preço a ser pago pelo papel da subsidiária brasileira beira atualmente seria de R$ 52, segundo Stefano. Para os acionistas que optarem pela oferta mista (dinheiro mais ações), será entregue 0,3568 ação da Arcelor Mittal, mais R$ 10,82 para cada papel. O valor já considera o ajuste entre os dividendos pagos na Europa e no Brasil.
Ao todo, a compra das ações vai custar cerca de US$ 5 bilhões para a gigante do aço. Segundo Stefano, "o mais provável" é que a empresa traga parte dos recursos do exterior e levante o restante por meio de linhas de financiamento com bancos brasileiros. No entanto, o executivo preferiu não comentar detalhes dessas operações, se limitando a dizer que a estratégia financeira será anunciada em duas semanas.
Decepcionada com decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que determinou a realização da oferta no Brasil, a direção da Arcelor Mittal preferiu não ir à Justiça por uma questão meramente econômica. Segundo Stefano, travar uma batalha judicial poderia sair mais caro do que realizar a oferta pública. "Tentamos tudo que foi possível", disse o executivo.
Caso a operação transcorra normalmente, com a aceitação necessária dos minoritários, as ações da Arcelor Mittal deixarão de ser negociadas no pregão da Bovespa no início da segunda quinzena de junho, segundo o gerente de RI. Os acionistas que optarem pela operação convencional irão receber os recursos no dia 8 de junho. Já os que preferirem a oferta mista, devem receber as ações e o dinheiro somente no dia 26 de junho.
Atualmente, a Arcelor Mittal detém 67% do capital da subsidiária brasileira. Os 33% restantes estão distribuídos entre cerca de 13 mil acionistas. No ano, as ações ordinárias (ON, com direito a voto) da Arcelor Brasil registram valorização de 24,16% para um Ibovespa em alta de 15,35%. No mês, os papéis sobem 2,72% para uma alta de 4,79% do Ibovespa. Ontem, cada ação era negociada na Bovespa a R$ 51,30.
Com relação à Acesita, também controlada pela Arcelor Mittal, Stefano afirmou que a empresa vai permanecer com o capital aberto na Bovespa. "Diferente do que acontece na Arcelor Brasil, o estatuto da Acesita não prevê o pagamento de 'tag along' (prêmio de controle no caso de venda da empresa) em caso de venda do controle", explicou. Ele disse ainda que a produtora de aços inoxidáveis continua em processo de "revisão estratégica", pelo qual a controladora está avaliando o melhor destino para a companhia. "Podemos vender, fundir com um grupo maior ou até permanecermos como estamos", disse Stefano. "Até o momento, não tenho novidades", completou.
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