Players do mercado de carbono dizem estar abertos a auto-regulação

Imagens: Divulgação

Players do mercado de carbono disseram na terça-feira que considerarão a auto-regulação após serem incitados a agir pela nova chefe de mudanças climáticas da ONU, mas alertam que mais vontade política é necessária da parte dos governo para incentivar investimentos.

Christiana Figueres, que inicia oficialmente no cargo em julho, disse na sexta-feira que os participantes do mercado “feriram seriamente a confiança dos governos, sociedade civil e (instituições) sem fins lucrativos” através de uma série de escândalos que balançaram o mercado de US$ 144 bilhões no ano passado.

“Acredito que se o próprio setor privado não desenvolver mecanismos auto-policiadores, outra pessoa entrará em cena e fará para eles”, comentou durante uma conferência de carbono na Alemanha.

A Associação de Investidores & do Mercado de Carbono, um dos três grupos comerciais identificados por Figueres, disse que consideraria a proposição da nova chefe, segundo o diretor Miles Austin em entrevista à Reuters.

“Não podemos aspirar por mecanismos financeiros mais avançados...se as transações atuais não forem estritamente limpas”, comentou Figueres.

Em sua primeira aparição pública desde a indicação ao cargo em 17 de maio, ela disse que o mercado sofre críticas por não contribuir com o desenvolvimento sustentável ou melhorar a qualidade de vida das famílias nos países em desenvolvimento.

Figueres ainda completou que as empresas precisam investir mais em projetos que disseminam tecnologias verdes, como lâmpadas eficientes, para grandes números de famílias pobres.

Investimentos em risco
Austin disse que os investimentos do setor privado não fluirão sem maiores certezas regulatórias.

“Dos US$100 bilhões propostos anualmente até 2020, segundo dados da UE, US$ 66 bilhões supostamente devem vir do setor privado. Isto não acontecerá com a falta de vontade política, então é preciso que haja realismo de ambos lados”, enfatizou.

As discussões da ONU para fechar um pacto climático para suceder o Protocolo de Quioto começaram na segunda-feira em Bonn, expondo rachas tradicionais entre países ricos e pobres que até agora não conseguiram muito consenso.

Figueres disse estar confiante que comércio de carbono continuará após 2012, quando termina o primeiro período de compromisso de Quioto, mas alertou que os mercados futuros devem ser mais complexos e fragmentados.

“A dura realidade é que não existe titular no mercado de carbono, pois ele resulta de um acordo político que ainda está sendo feito”, ressaltou ela.


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