Governo quer pacto com siderúrgicas para produzir 'aço verde'

Fotos: Divulgação

Depois de fechar com o agronegócio o pacto da soja e da carne, no qual as indústrias recusam-se a comprar grãos e carne produzidos em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia, o governo quer fazer o mesmo com o setor siderúrgico para produzir o "aço verde" - seria a primeira certificação desse tipo no mundo.

Pela proposta, apresentada nesta terça-feira (3) na reunião sobre o clima por Ivan Ramalho, secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, as siderúrgicas se comprometerão a só usar carvão vegetal em seus fornos de altíssima temperatura.

A reposição das madeiras utilizadas no carvão deverá ser de 100% e só envolverão espécies exóticas, como o eucalipto, protegendo, assim, a vegetação nativa. As siderúrgicas parariam também de utilizar em seus fornos carvão mineral, considerado altamente poluidor e também um dos principais causadores do aquecimento global. A iniciativa seria, na opinião do governo, a grande contribuição do setor siderúrgico no combate ao aquecimento global. A proposta será levada à Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), a ser realizada em Copenhague, na Dinamarca, no mês que vem.

A chamada moratória da soja, em vigor desde 2006, foi assinada entre o governo, a Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Brasileira de Exportadores de Cereais (Anec). Desde então, os industriais e os exportadores exigem dos fornecedores de soja comprovação de que o produto não seja produzido em áreas desmatadas da Amazônia. O pacto da carne é semelhante. Foi assinado com os frigoríficos, para que eles exigissem dos fornecedores de carne a origem do animal.

Posteriormente, as grandes redes de supermercados aderiram voluntariamente à proposta e passaram a cobrar dos frigoríficos a comprovação de que a carne não era de um bovino engordado em áreas da Amazônia desmatadas ilegalmente. Para o governo, essa é a forma mais eficaz de combater a abertura de novas clareiras na Amazônia.


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