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Foto: Divulgação
Após um ano do início da crise, a indústria parece ter começado uma trajetória ascendente de recuperação. A avaliação parte dos resultados do Indicador de Nível de Atividade (INA), divulgados nesta terça-feira (27) pela Fiesp e o Ciesp.
O índice subiu 4,3% em setembro, na série com ajuste sazonal – o melhor resultado desde abril de 2008 (5,5%). Sem ajuste, o indicador teve alta de 2,7%, também a melhor variação para o mês desde 2003 (6,4%), segundo o estudo.
Para Paulo Francini, diretor-titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp/Ciesp, a queda verificada no setor industrial com a crise financeira – que derrubou a atividade em 18,9% nos últimos três meses de 2008 – foi amplamente recuperada.
"Finalmente, encontramos um número incontestavelmente positivo e forte no nível de atividade. Isso nos indica continuidade da tendência para os próximos meses do ano", avaliou Francini.
Apesar da arrancada, a atividade industrial ainda acumula queda de 12,3% no ano, contra o mesmo período de 2008. No acumulado em 12 meses, a retração atinge 10,6%.
O indicador também segue 6% abaixo do pico de atividade registrado em setembro de 2008, mas, se mantiver o ritmo de crescimento – média de 1,5% nos nove primeiros meses do ano –, a defasagem cairá para 1,8%. A Fiesp e o Ciesp apostam em um recuo de 7,5% a 8% no INA em 2009, a reboque da perda ocorrida nas exportações, em torno de 30% sobre o ano passado.
Variáveis
O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) de setembro ficou em 82,3%, maior do que o registrado em agosto (81,5%), e abaixo do nível verificado em setembro do ano passado (83,6%). As vendas reais se destacaram entre as variáveis do mês, com alta de 7,5%, impulsionadas principalmente pela antecipação das entregas do setor de veículos, com o anúncio do fim da desoneração de IPI.
Entre os setores analisados, destaque para Máquinas e Equipamentos, com alta de 4,2%, em termos ajustados; Veículos Automotores (6,4%) e Metalurgia Básica (3,8%); que está recompondo estoques para abastecer os dois primeiros e só agora começa a dar sinais de retomada.
O segmento de Máquinas e Equipamentos, um dos mais afetados pela crise, acumula uma queda de quase 30% de janeiro a setembro deste ano, mas também já indica sinais positivos.
"É uma variável importante em um processo de recuperação, que pode ser abortado caso não haja um processo de investimentos ocorrendo ao mesmo tempo", sublinhou Paulo Francini.
Segundo ele, o setor foi beneficiado pelas condições especiais de juros oferecidas pelo BNDES para a compra de bens de capital até dezembro deste ano, e sua recuperação deverá vir acompanhada de uma efetiva intenção de retomada da economia brasileira.
Sinal verde
O Sensor, indicador antecedente da Fiesp, registrou 58,3 pontos na segunda quinzena de outubro, o que confirma as perspectivas de retomada para o setor. Na medição anterior, o Sensor havia registrado 58,9 pontos.
Mercado (65,5) e vendas (59,6) continuam em destaque, seguidos por investimento (58,5) e emprego (56,8), em alta, e o estoque ajustado (49,7). "Nosso farol avançado continua dizendo que há tempo limpo à frente", arrematou Francini.
IOF
Sobre a taxação de 2% de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos investimentos estrangeiros em renda fixa ou variável, anunciada este mês pelo governo federal, Francini considerou que é um "grande progresso" as autoridades econômicas do País reconhecerem a valorização cambial como um problema – mas a medida, sozinha, pode não ser suficiente.
"A ação da medida é limitada diante da dimensão do problema. Mas é uma iniciativa que nos dá esperança", avaliou o diretor do Depecon.
Para a Fiesp, a decisão é positiva porque ajuda a reduzir a valorização do câmbio, que vem colocando em risco a capacidade da indústria de competir no mercado externo, dificultando as exportações, e no mercado interno, com o aumento das importações. Mas, segundo Paulo Francini, há outras questões associadas.
"Nossa capacidade de exportação é estrangulada por uma questão tributária incorreta, e isso é uma loucura. Por exemplo, a contínua 'exportação de impostos' diminui a capacidade competitiva dos exportadores brasileiros, uma vez que os impostos recuperáveis, como o ICMS, não se recuperam no Brasil", disse. "Não existe milagre, mas um conjunto de ações que podem vir a melhorar o problema", completou Francini.
Para ouvir as entrevistas com Paulo Francini e Paulo Skaf no site da FIESP, clique aqui.
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