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Imagens: Divulgação
Sempre que se fala em sustentabilidade, logo uma série de definições aparecem. Uns dizem que se trata de uma questão ambiental, outros defendem pontos de vista econômicos e, quase certamente, alguém associará o verbete à paz e às ações sociais.
De certa forma, tudo está certo. Mas colocar diferentes temas no balaio da sustentabilidade, como ocorre nos dias de hoje, pode ser problemático. Como defende Marcel Bursztyn, professor da Universidade de Brasília, isso acaba nivelando o entendimento do tema por baixo. E como não é bem visto dizer-se contra ao desenvolvimento sustentável, acaba-se aceitando um discurso confuso e, no fim das contas, pouco muda na vida real.
Bursztyn acredita que sempre houve em todas as sociedades uma idealização de um mundo melhor, mais justo e igualitário. “Talvez a sustentabilidade seja a bola da vez”, aponta ele.
Para o professor, enquanto se discute um mundo utópico, o homem enfrenta diversas questões. “Hoje, os seres humanos têm condições técnicas de se extinguir, mas também correm o risco de perder o status de humanidade”, alerta. Suas palavras se referem à interdependência do homem com a biodiversidade. Em caso extremo, por exemplo, os homens poderiam tornar-se canibais, agindo como seres irracionais para atender suas necessidades.
Ou ainda poderia ocorrer um cenário mais violento, em que pessoas mais privilegiadas não veriam os necessitados como sendo da mesma espécie. “O próximo passo é a dessemelhança, situação na qual o outro serve apenas para ser pilhado”, explica.
A solução, de acordo com o professor, está no gerenciamento de escassez de matéria-prima, além da perda de território, espécies e riquezas que nem conhecemos. “Também é preciso tornar as cidades mais sustentáveis e promover o desenvolvimento sustentável”, completa.
Linda Murasawa, superintendente de desenvolvimento sustentável do Grupo Santander Brasil, que também participou do evento, defende a mudança dos modelos econômicos atuais. Isso, segundo ela, não significa abrir mão do lado financeiro dos negócios, mas sim incorporar dimensões sociais e ambientais à missão da empresa. “É preciso pensar sistematicamente na dependência que temos dos recursos naturais. Isso, até então, não acontece nas teorias econômicas, que sempre olham para esses recursos como algo ilimitado”, explica.
Para a superintendente, hoje, as pessoas entendem melhor essa interdependência e até as empresas sabem que não vão sobreviver se não levarem em conta esses aspectos. “As empresas precisam pensar no impacto de sua cadeia produtiva e levar em conta pontos como desmatamento e uso de mão de obra escrava. Tudo isso passa a impactar na preferência do consumidor”, conta.
Do ponto de vista de rentabilidade, Murasawa afirma que as empresas que adotam a sustentabilidade como sendo parte de seus negócios acabam se tornando mais lucrativas do que as que ignoram o tema. “Além de explorarem novas oportunidades, as empresas sustentáveis contam com uma governança melhor, o que as torna mais lucrativas”, conclui.
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