Foto: Divulgação
A energia tirada dos ventos é tida, por muitos, como a união entre a fome e a vontade de comer. O Brasil tem, principalmente em seu litoral, uma forte incidência de ventos e há investidores que querem explorar esse potencial. O problema é a falta de um marco regulatório sobre essa atividade. “Do dia para a noite a regulação muda ou cria-se uma regra nova”, ressalta Luis Pescarmona, diretor geral da IMPSA, empresa argentina que atua no setor, e que participou dos debates sobre o tema na Conferência Ethos 2009.
A IMPSA já atua em diversas regiões do Brasil e, segundo o seu diretor, tem obtido resultados muito positivos, não apenas em termos de produção de energia, mas também no que se refere ao nível de desenvolvimento das comunidades em que está presente. “Não é apenas instalar as hélices. Temos visto pessoas que eram cortadores de cana crescerem e produzirem coisas maravilhosas, com treinamentos e educação”, diz o empresário. O mercado de energia eólica é visto com bons olhos, pois gera, para cada 1500 MW produzidos, em média 2 mil empregos.
Até recentemente havia outras barreiras para o aproveitamento dessa energia limpa, no Brasil, mas a maior delas, que era a tecnológica, já está superada, conta Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace Brasil. Outra dificuldade é a questão do preço da energia, que atualmente é definido em leilões promovidos pela Aneel.
Comentando o leilão programado para novembro, Pescarmona observa que até o momento as regras ainda não estão claras. Não sabemos o quanto será pago pela energia, que precisa de um preço justo. “Ninguém vai investir se as regras para competição não forem claras”, ressalta. Na Europa para cada euro investido em estudo e tecnologia o retorno é cinco vezes maior. “O investimento é grande, mas o retorno é enorme” completa Pescarmona.
Hoje a energia eólica movimenta cerca de 50 bilhões por ano no Brasil segundo relatório do Pnuma divulgado recentemente. De acordo com Furtado, do Greenpeace, não há vontade política para regularizar o setor apesar de esse tipo de energia ser vista como uma solução mesmo com as mudanças climáticas.
Hoje o Greenpeace apoia o projeto de lei do deputado Edson Duarte (PV-BA), que incentiva as energias renováveis baseado no mecanismo tarifário feed-in, modelo que garante acesso dos geradores à rede e determina um preço justo e fixo pela venda dessa energia em contratos de longo prazo. O projeto pode ser aprovado ainda este ano no Senado.
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