Ásia pode emitir 40% do CO2 do planeta até 2030

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A parcela de emissão mundial de CO2 de responsabilidade da Ásia pode aumentar para mais de 40% até 2030, tornando-a o maior motor da mudança climática do mundo, alertaram especialistas nesta terça-feira (16).

O continente mais populoso do mundo, com economias que crescem rapidamente como a China e a Índia, já é responsável por um terço das emissões globais de gases estufa, disse Haruhiko Kuroda, do Banco Asiático de Desenvolvimento (ADB), em conferência em Manila.

Sua parcela de emissões pelo uso de energia triplicou nos últimos 30 anos, disse.

A Ásia também se destaca como a área mais vulnerável às mudanças decorrentes do aquecimento global. Além da falta de água potável, as colheitas da região central e do sul podem diminuir cerca de 30% até 2050 e cidades costeiras (incluindo Bangcoc, Jacarta, Manila, Mumbai e Xangai) poderão ter inundações, disse o ADB.

Ainda neste século, pessoas vivendo na costa de Bangladesh, Maldivas e Tuvalu podem ser forçadas a fugir devido ao aumento no nível dos mares.

"A mudança climática tem essa característica de exacerbar o estresse existente na região ... que é afligida pela pobreza e pela falta de infraestrutura", disse Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental da ONU sobre a Mudança Climática.

Cientistas já recomendaram que os países ricos reduzam as emissões entre 25% e 40% até 2020 para evitar os piores efeitos do aquecimento.

Eles dizem que o aquecimento levará a secas, enchentes, aumento do nível dos mares e tempestades.

Kuroda disse que é imperativo que se aumente os esforços para colocar a região em um caminho de menor crescimento nas emissões de carbono.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em um vídeo para a conferência, pediu que os países asiáticos ajudem o mundo a atingir um novo acordo climático em Copenhague, Dinamarca, em dezembro. Ban disse que quer ver um acordo "ambicioso, abrangente e justo."

Desastres naturais - O mundo está caminhando "como sonâmbulo" em direção a desastres naturais evitáveis cujos efeitos poderiam ser significativamente reduzidos com um aumento modesto nos gastos com redução de riscos, disse na terça-feira John Holmes, subsecretário-geral de assuntos humanitários da ONU.

"As tendências em desastres, especialmente os causados pelas mudanças climáticas, são uma preocupação enorme", afirmou Holmes em entrevista coletiva.

Ele falou no início da Plataforma Global para a Redução de Riscos de Desastres, que ao longo de quatro dias reúne mais de 1.800 participantes de 169 governos e cerca de 140 organizações internacionais e não-governamentais.

Holmes disse que os esforços de redução de riscos melhoraram desde o tsunami de 2004 no Oceano Índico, que matou 250 mil pessoas, mas que é preciso fazer muito mais.

Ele espera que a Plataforma Global concorde em gastar 3 bilhões de dólares por ano com a redução de riscos de desastres. Esse valor representa cerca de 10 por cento dos 8 bilhões de dólares gastos anualmente com ajuda após desastres, mais 1 por cento do orçamento de assistência ao desenvolvimento, de 239 bilhões de dólares.

A título de comparação, disse Holmes, os desastres em 2008 causaram 200 bilhões de dólares em prejuízos. O custo de dois anos antes foi um quarto disso, e a tendência evidente é de aumento.

"Os desastres mais prejudiciais em países em desenvolvimento podem dar a impressão de causar menos danos porque os bens danificados custam menos, mas os danos reais em termos de vidas e subsistência são muito maiores", disse Holmes.

Cerca de 90 por cento dos desastres estão ligados ao clima, segundo o funcionário da ONU, observando que os ciclones no Brasil em 2004 e Omã em 2007 foram de intensidade nunca antes vista nessas regiões.

Os terremotos maciços em Sichuan, China, no ano passado e outro na Itália este ano evidenciaram a necessidade de padrões mais rígidos de construção e a importância de implementar esses padrões.

As prioridades na reunião da Plataforma Global incluem planos para proteger escolas e hospitais contra desastres, reforçar os sistemas de aviso antecipado, reduzir os assentamentos humanos em áreas de risco e restaurar e proteger os ecossistemas.

A maioria das dez maiores "megacidades" mundiais, com 25-35 milhões de habitantes, fica em áreas costeiras perigosas ou zonas de risco de terremotos. Quase 1 bilhão de pessoas vivem em "assentamentos informais" ou favelas urbanas, e esse número cresce em 25 milhões de pessoas por ano, à medida que a urbanização expõe mais pessoas ao risco de desastres, disse Holmes.

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