Cresce interesse pelo plástico renovável

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A demanda por plásticos verdes, feitos com matéria-prima renovável, pode chegar a 2 milhões de toneladas por ano nos próximos dez anos, o que deve dar impulso aos projetos de fabricação de resinas com a cana-de-açúcar. "Hoje, se eu tivesse condições de produzir 1 milhão de toneladas de polietileno verde, seguramente teria mercado", afirmou Bernardo Gradin, presidente da Braskem, durante o evento Ethanol Summit, em São Paulo.

Segundo Gradin, a fábrica que vai produzir polietileno do etanol em Triunfo (RS) entra em operação no segundo semestre de 2010. Será a primeira indústria do mundo a produzir a resina do etanol para uso na fabricação de embalagens. A produção será de 200 mil toneladas/ano, mas Gradin acredita que a demanda para os próximos anos pode ser de até o triplo disso.

Segundo o executivo, o interesse por plásticos verdes está crescendo entre empresas dos setores automobilístico e de embalagens, especialmente na Europa e Japão. A empresa já trabalha no desenvolvimento de uma nova família de resinas feitas de cana, os polipropilenos. A tecnologia deverá ser definida até o fim do ano. "Acredito que em três anos já poderemos começar a produzir polipropileno 100% renovável em escala industrial", diz Gradin. Hoje, já é possível produzir a resina com 66% de material renovável, mas grandes clientes, como a Toyota, estão interessados na resina 100% verde. O polipropileno é utilizado na fabricação de peças automotivas.

Autopeças e calçados
O setor de peças automotivas é um dos que mais têm mostrado interesse no uso de resinas verdes. "Peças como painéis e retrovisores feitos com matéria-prima renovável têm apelo ambiental e também conferem maior leveza ao automóvel, o que já é uma exigência legal nos países da União Europeia", afirma Sylvio Ortega Filho, diretor executivo da PHB Industrial, empresa de Serrana (SP) que também produz biopolímeros de cana-de-açúcar.

A tecnologia usada pela PHB Industrial é diferente da utilizada pela Braskem. Na PHB, a resina é produzida por um processo de fermentação do açúcar, não do etanol. O resultado é um plástico 100% biodegradável que permite uma ampla gama de aplicações. Pode ser usado como um substituto do isopor, para fazer cartões de crédito e até sapatos. Um dos potenciais clientes é a Grendene, que está interessada em produzir calçados de plástico biodegradável para o mercado europeu.

A fábrica da PHB Industrial tem capacidade para produzir 50 toneladas/ano de plástico verde. O plano de expansão da companhia prevê aumentar a produção para 230 mil toneladas/ano na próxima década. "O mundo consome 230 milhões de toneladas de plástico todos os anos. Menos de 0,5% é feito com material renovável. Há espaço para crescer", diz o diretor da PHB.

Plásticos renováveis
Polietileno verde: Uma das resinas mais utilizadas em embalagens flexíveis. É produzida com etanol de cana-de-açúcar
Polipropileno verde: Também produzido com etanol de cana, a resina pode ser usada em peças automotivas e embalagens
PHB: O polihidroxibutirato (PHB) é o plástico obtido com a fermentação do açúcar por bactérias. É biodegradável.

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