A economia catarinense está em estado de alerta. Os investimentos das indústrias do Estado previstos para esse ano representam quase a metade do valor que foi aplicado em 2008. De R$ 2,1 bilhões registrados há dois anos, o montante deve cair para R$ 1,1 bilhão em 2009. Cerca de 49% das indústrias não sabem se vão investir em 2010. Este número sobe para quase 58% em relação a 2011. Até agora, estão confirmados investimentos de R$ 1,6 bilhão para os próximos três anos, somente 31% do que foi investido no ano passado. Os números são do estudo Desempenho e Perspectivas da Indústria Catarinense, divulgado pela Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) na semana passada.
O levantamento, realizado no início de março, ouviu 109 indústrias catarinenses e revelou que 75% delas realizaram investimentos em 2008. O resultado do ano foi 40% maior do que o registrado em 2007, quando a indústria estadual investiu R$ 1,5 bilhão. O superávit, no entanto, só foi alcançado pelo bom desempenho dos três primeiros trimestres. A crise financeira mundial, que explodiu no fim de setembro, deixou a economia apreensiva quanto ao futuro. No total, 63% das indústrias disseram que a turbulência global afetou os planos de investimentos para 2008.
Ainda de acordo com o estudo, 25% das indústrias catarinenses informaram que não realizaram investimentos no ano passado. Falta de recursos próprios, escassez de crédito do mercado financeiro, retração no consumo, problemas enfrentados devido ao câmbio, aumento dos custos, falta de incentivos, dívidas tributárias, falta de necessidade e, principalmente, incerteza de cenários foram os motivos apontados.
Os campeões
Do total de R$ 2,1 bilhões em investimentos realizados, R$ 1,2 bilhão foi aplicado em Santa Catarina. Outros estados brasileiros representaram R$ 181 milhões, enquanto o exterior respondeu por R$ 709 milhões. Os segmentos de atividades líderes foram Máquinas, Aparelho e Materiais Elétricos, com montante de R$ 834 milhões. Em seguida, aparecem Metalurgia Básica, com R$ 538 milhões, e o Alimentar, com R$ 294 milhões. Os destaques negativos ficaram por conta dos setores Têxtil e de Papel e Celulose, que investiram apenas R$ 59 milhões e R$ 31 milhões, respectivamente.
E o futuro?
A conjuntura econômica mundial claramente interferiu nas decisões de investimentos da indústria catarinense para 2009. As incertezas quanto à dimensão da crise e aos reflexos imediatos causados sobre o crédito e à demanda deixaram o setor industrial menos confiante nos cenários de curto, médio e longo prazos. Além disso, as indústrias ficaram menos capitalizadas para realizar investimentos.
Segundo o levantamento da Fiesc, metade dos entrevistados não definiu investimentos ou não vai investir em 2009. Mais uma vez, a crise financeira aparece como entrave. Em torno de 76% das indústrias informaram que o cenário econômico afetou os planos para este ano. Apenas cerca de 49% delas estão dispostas a aplicar recursos. Esse índice cai para 45% em 2010 e para 37% em 2011.
Das indústrias que participaram da pesquisa, 72% atribuíram a redução de investimentos ao menor faturamento alcançado no ano passado. Outros 52% também citaram a retração da demanda interna, enquanto quase 49% alegaram que as incertezas econômicas geradas frearam o ritmo de investimentos. A prioridade, no momento, é reduzir custos e adequar a produção aos atuais níveis de consumo.
Gostou? Então compartilhe:
Últimas notícias de Mercado