O Brasil ganhou três posições no Relatório Anual de Competitividade, elaborado pela escola suíça de negócios IMD, ficando em 40º lugar entre 57 países analisados. A melhora do País reflete a força do mercado interno. Nos indicadores que medem a performance econômica dos países, o Brasil ganhou 10 posições, chegando a 31º. O desempenho do setor empresarial brasileiro avançou duas posições no ranking, alcançando o 27º lugar.
"Existem três indicadores em que o Brasil se destaca", disse Suzanne Rosselet-McCauley, professora da IMD e uma das responsáveis pelo estudo. "Na economia interna, em que está no 14º lugar; nas práticas gerenciais das empresas, em que é o 12º; e na atitude e nos valores da população, em 18º lugar."
A pesquisadora ressalta que a melhora do mercado doméstico brasileiro não é um fenômeno que começou no ano passado. "Houve uma evolução durante vários anos, e isso é um resultado da estabilidade macroeconômica do País", afirmou Suzanne. "Vimos uma queda importante na dívida pública, queda nas taxas de juros e um aumento da exportação, entre outros fatores. Existe uma série de melhoras na economia brasileira que tornou o País mais resistente à crise mundial."
O estudo analisa 323 indicadores, divididos em quatro categorias: performance econômica, eficiência do governo, eficiência das empresas e infraestrutura. A pior performance do País está na eficiência do governo, em que ele fica em 52º lugar entre os 57 países. Quando analisados os indicadores que compõem este grupo, o Brasil está em último lugar, por exemplo, no número de dias necessários para se abrir uma empresa e no número de procedimentos necessários para se abrir uma empresa. Está em penúltimo no spread (diferença entre a taxa de juros de captação e a taxa de empréstimo dos bancos).
Dois terços dos indicadores são dados estatísticos do ano passado. O restante vem de entrevistas com empresários. Dessa forma, o estudo já reflete os efeitos da crise no Brasil, que começaram no começo do ano passado. "É importante o País ganhar posições, pois, num momento de crise, poucos países estão crescendo", disse Carlos Arruda, professor da Fundação Dom Cabral. A fundação é parceira do IMD no estudo, sendo responsável pela análise do Brasil.
Apesar de os Estados Unidos serem a origem da crise financeira mundial, o País se manteve no primeiro lugar do ranking. "O estudo mede a capacidade de competir, e os EUA continuam com a infraestrutura adequada, continuam com empresas como o Google e a Microsoft que têm uma atuação forte no cenário mundial", afirma Arruda. "É quase como um atleta medalha de ouro que machucou o pé."
A maioria dos países mostrou estagnação no estudo do ano passado. Economias altamente dependentes do mercado externo perderam posições, como é o caso de Taiwan, que passou da 13ª para a 23ª posição. A crise e os ganhos de competitividade do Brasil fizeram com que diminuísse a distância entre o País e nações mais bem colocadas.
O estudo deste ano trouxe um novo indicador, que mostra a capacidade de os países superarem a crise e aumentarem a competitividade num futuro próximo. O Brasil ficou em 22º lugar, principalmente por causa da eficiência do setor empresarial e da estabilidade e coesão social (16ª posição).
Na infraestrutura, o Brasil recuperou quatro posições, ficando em 46º lugares. O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) é um dos motivos para a melhora do País nessa área. Isso quer dizer que o PAC vai bem? "O PAC vai na direção correta, mas não está atingindo os objetivos esperados, nem está sendo implementado na velocidade desejada", explica Arruda. O Brasil perdeu muitas posições em infraestrutura nos últimos anos (estava no 44º lugar em 2005). "O PAC ainda é um plano de recuperação do passado, e não de preparação para o futuro", apontou o professor.
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