Siderurgia: Fusões crescem no Brasil, mas recuam no mundo

Foto: Divulgação

Resultado positivo contrasta com queda registrada nas demais regiões, segundo estudo da PricewaterhouseCoopers (PwC)


Crescimento para alguns e declínio para outros. Assim foi o ano de 2008 para as operações de fusões e aquisições na siderurgia mundial, segundo o Metal Deals 2008, estudo anual realizado pela PricewaterhouseCoopers (PwC). Em nível global, o volume médio de negociações reduziu de US$ 318 milhões, no primeiro semestre de 2007, para US$ 301 milhões no mesmo período do ano passado; e apresentou queda significativa nos últimos seis meses de 2008, com negócios em torno de US$ 125 milhões. No entanto, em alguns países como Brasil, China e Rússia, o setor alcançou números positivos.

De acordo com o estudo, o desempenho da indústria siderúrgica na América do Sul foi estimulado, principalmente, pelas intensas negociações realizadas com ativos de minério de ferro brasileiro. Embora seja responsável por apenas 8% dos investimentos totais, o Brasil respondeu por 24% do volume de negócios em escala mundial. O valor total das transações cresceu de US$ 9,7 bilhões, em 2007, para US$ 14,8 bilhões em 2008.

Algumas companhias da China e da Rússia também colaboraram para o parcial aquecimento da atividade siderúrgica. O valor total de negócios fechados na região do Pacífico Asiático chegou ao patamar dos US$ 16,4 bilhões -praticamente o dobro do registrado em 2007: US$ 7,2 bilhões.

De outro lado, a América do Norte apresentou números negativos em 2008. Com o declínio acentuado dos negócios relacionados ao aço e ao alumínio, o valor total dos investimentos caiu de US$ 76,7 bilhões, em 2007, para US$ 15,8 bilhões em 2008. Segundo o Metal Deals 2008, três quartos dessa quantia são provenientes de transações internacionais, sendo que 83% do valor se refere ao emprego do aço. O negócio mais importante do período foi realizado pela russa Evraz que comprou da sueca SSAB o braço norte-americano de produção de tubos da IPSCO por US$ 4 bilhões.

A Europa Ocidental também registrou queda. Enquanto em 2007 a atividade siderúrgica rendeu investimentos de US$ 104 bilhões, no ano passado o valor foi de US$ 65 bilhões, com as negociações impulsionadas por três negócios superiores a US$ 1 bilhão. O negócio mais expressivo foi a fusão da Böhler-Uddeholm com a Voestalpine, duas grandes empresas da Áustria na área da siderurgia.

Segundo Jim Forbes, líder global da área de siderurgia da PwC, os negócios no setor siderúrgico, em linhas gerais, mudaram repentinamente a direção que pareciam seguir nos estudos anteriores. "O otimismo chinês que continuaria a compensar o declínio de outras partes do mundo foi substituído por uma preocupação crescente com a demanda global, incluindo a da própria China. A elevação dos preços das commodities no primeiro semestre (2008) foi seguido por um profundo colapso", afirma.

O cenário da siderurgia mundial está desequilibrado, com algumas companhias enfrentando grandes problemas e outras registrando crescimento relativamente saudável e atingindo recordes em investimentos. "A consolidação do mercado tem propiciado às grandes companhias da indústria siderúrgica um posicionamento mais flexível para gerenciar as atividades ao redor do mundo. A pressão para a reestruturação será intensa enquanto continuar o declínio do setor e a incerteza na demanda", diz Forbes.

O Metals Deals 2008 é a última de uma série de pesquisas que a PwC desenvolve para cobrir as negociações das áreas de mineração, aeroespacial, energia renovável e combustível. O objetivo dos estudos é analisar e promover a compreensão das atividades de fusões e aquisições de indústrias de todo o mundo.

Tópicos: