Foto: Inovação Tecnológica
A união interdisciplinar entre as áreas das engenharias, medicina e tecnologias da informação foi concretizada no fim de abril, em Campinas (SP), em evento que resultou no lançamento oficial do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biofabricação (Biofabris), sediado na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Na ocasião, os pesquisadores compartilharam trabalhos de pesquisa multidisciplinar, discutiram desafios das três áreas do conhecimento e planejaram ações do instituto para os próximos anos.
Biofabris
O Biofabris se destina à integração de ferramentas computacionais, criação de novos materiais e aplicação de técnicas das engenharias para a obtenção de dispositivos biomédicos, como próteses e órteses ortopédicas, e de substitutos biológicos para tecidos vivos ou órgãos humanos defeituosos.
"O instituto pretende agregar conhecimentos de várias áreas da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento de processos e produtos, sejam eles manufaturados ou feitos por meio de técnicas computacionais avançadas, para uso na saúde humana", disse Rubens Maciel Filho, professor titular do Departamento de Processos Químicos da FEQ e coordenador do Biofabris, à Agência FAPESP.
"A proposta é estudar novos materiais, tanto poliméricos como cerâmicos e ligas metálicas, construir peças e até mesmo desenvolver tecidos para órgãos do corpo humano. Nesse caso, os avanços em prototipagem rápida permitirão a produção de peças com o formato adequado para cada tipo de órgão, a partir de informações digitalizadas de tomografia computadorizada, por exemplo", destacou Maciel, que também é um dos coordenadores do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).
Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia
O Biofabris é um dos nove Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) com sede na Unicamp e um dos 44 no Estado de São Paulo, onde estão sendo instalados por meio do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia do MCT/CNPq/FAPESP.
O programa é conduzido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com a FAPESP. O apoio da Fundação permitiu a ampliação dos recursos federais investidos em São Paulo para a criação de institutos.
O programa prevê a criação de dezenas de INCTs espalhados pelo país que funcionarão de forma multicêntrica, sob a coordenação de uma instituição-sede que já tenha competência em determinada área de pesquisa.
Os projetos aprovados têm as características dos Projetos Temáticos da FAPESP, modalidade que se destina a apoiar propostas de pesquisa com objetivos suficientemente ousados, que justifiquem maior duração e maior número de pesquisadores participantes.
O que são biomateriais
Os biomateriais são materiais compatíveis para serem utilizados em funções específicas do corpo humano, por terem propriedades que permitem que eles sejam completamente absorvidos pelo organismo e também por serem inertes (não sofrem rejeição).
A expectativa é que, com o Biofabris, seja reduzida a dependência tecnológica do Brasil em áreas como biofabricação, técnicas de prototipagem rápida e avaliação dos componentes in vivo e in vitro. Para isso, além de gerar conhecimentos novos, o instituto integrará estudos que já vêm sendo realizados em diferentes centros de pesquisa do país.
"A criação desse instituto é algo inovador. Na área de biofabricação não temos nada parecido atualmente no país, uma vez que iremos agregar e consolidar as competências individuais de vários cientistas espalhados pelo país, em temáticas de pesquisa que estão na fronteira do conhecimento em centros de todo o mundo", disse o professor Maciel.
Produção de biomateriais
Outra importante meta do instituto é formar recursos humanos capacitados para trabalhar com a produção de biomateriais para aplicação em procedimentos médicos.
"Teremos no Biofabris um grande número de alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado de todas as instituições participantes, gerando uma interface próxima entre as atividades de ensino e pesquisa", disse.
Participam do INCT em Biofabricação pesquisadores de diversas instituições de ensino superior em São Paulo e em outros estados. A intenção é reunir mais centros com competências que possam, juntamente com parceiros industriais, desenvolver novos projetos de pesquisa em biofabricação.
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