Chery, maior fabricante independente da China, quer se tornar a primeira montadora chinesa a produzir um carro no Brasil. A previsão da marca é que seu complexo industrial esteja instalado até o fim de 2011. A Chery também quer ser pioneira entre suas conterrâneas a vender um carro flex no País.
A fabricante aposta em parcerias com empresas que já têm o sistema de motores bicombustíveis, como Bosch, Delphi e Magneti Marelli. Esta última tem uma unidade ao lado da Chery em Wuhu, a cerca de 400 quilômetros de Xangai.
O local onde a fábrica será instalada ainda não foi definido, nem os modelos que serão feitos no Brasil, disse o presidente da Chery no País, Luis Curi. De acordo com ele, a montadora pretende investir entre US$ 500 milhões e US$ 700 milhões para se instalar no mercado nacional. A capacidade de produção ficará entre 100 mil e 150 mil veículos ao ano.
"A decisão de ir para o Brasil foi tomada há dois anos. Os executivos chineses foram ao País, conheceram o mercado, estudaram as oportunidades e calcularam os riscos e obstáculos que poderão enfrentar", diz Curi. Segundo ele, inicialmente a marca terá 15 concessionárias nas regiões Sul e Sudeste. O grupo empresarial JLJ, de Salto (SP), será parceiro da Chery no País. De acordo com fontes do mercado automotivo no Brasil, a Chery chinesa também terá participação na fábrica, provavelmente com 49% das ações.
A marca está de olho nos benefícios dos acordos comerciais que o Brasil tem. O objetivo é tornar a fábrica um centro de exportação para os demais países da América do Sul, incluindo o Uruguai, onde já há uma unidade da Chery, mas que monta modelos por meio de CKD (peças desmontadas vindas da China) e tem capacidade limitada a 25 mil carros por ano.
Antes de iniciar a produção, porém, a Chery vai atuar no Brasil como importadora. Na China, um dos funcionários do grupo disse que o primeiro modelo flex a ser lançado no País será o M1, no início de 2010.
Antes, será importado o Tiggo, a partir de junho. O utilitário esportivo 4x2 compacto já vendido na Argentina terá preço próximo a R$ 49 mil e será equipado como motor 2.0 a gasolina e câmbio manual de cinco marchas. Para fazer frente ao Ford EcoSport, a marca aposta na relação custo-benefício do jipinho chinês, que trará de série air bag, freios ABS com distribuição eletrônica de frenagem (EBD), ar-condicionado, direção hidráulica e conjunto elétrico. "As versões automática e 4x4 chegam até o fim do ano. E, progressivamente, todos os Chery vendidos no Brasil serão flexíveis", afirma Curi.
Já o monovolume Face - chamado de A1 na China - chegará em setembro, com motor 1.3 e preço de cerca de R$ 30 mil. No mesmo mês está prevista chegada do QQ3. O compacto tem 3,55 metros de comprimento e lembra o Fiat 500. Tem motor 1.1 a gasolina e preço entre R$ 23 mil e R$ 24 mil. Assim como o Tiggo, virá da China com vários itens.
Em agosto, a Chery inicia campanha de marketing com os clientes brasileiros para batizar o A3, modelo que acaba de ser apresentado no Salão de Xangai. Será lançado até o fim do ano nas versões hatch e sedã, ambas com motor 1.6 a gasolina. O preço sugerido será de R$ 44 mil, na tentativa de concorrer com modelos como o Volkswagen Polo.
"Nosso maior desafio é mostrar que uma marca chinesa pode ter valor agregado e tecnologia avançada. O que nos fará diferentes de outras fabricantes chinesas no Brasil é que somos uma marca global. Além disso, por ser estatal, há ajuda do governo Chinês", diz Curi.
A estimativa é de que o Tiggo, o QQ3 e o Face acumulem vendas de 2,5 mil unidades neste ano. Em 2010, com a chegada da linha A3, a expectativa é de que o volume salte para 10 mil veículos.
