Foto: Divulgação
A indústria paulista de transformação voltou a registrar variação nominal positiva no nível de emprego industrial em março (0,31%), o que não ocorria desde setembro de 2008, mês que antecedeu o início dos efeitos da crise financeira sobre o setor. O saldo foi de 7.500 vagas, segundo levantamento divulgado nesta terça-feira (14) pela Fiesp e o Ciesp.
"O resultado de março é creditado em boa parte ao comportamento do setor de açúcar e álcool. Mas um saldo positivo no mês não ocorria há cinco meses", afirmou Paulo Francini, diretor-titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) das entidades.
Segundo Francini, o dado sem ajuste sazonal indica uma melhora depois de um longo período de variações negativas, que se intensificaram no final do ano passado, e cujos efeitos persistiram nos dois primeiros meses de 2009.
Em termos ajustados sazonalmente, o resultado seguiu negativo (-0,20%). "Porém, foi uma variação negativa bem inferior à dos meses anteriores. O Sensor [indicador antecedente da Fiesp] de março nos indicava que talvez o período de maior perda de empregos já tivesse passado, o que de fato ocorreu", avaliou.
No primeiro trimestre do ano, o saldo de empregos contabilizou perda de 66,5 mil vagas industriais (-2,73%). Em relação a março de 2008, foram menos 133 mil postos de trabalho no setor (-5,34%).
Colheita antecipada
O setor sucroalcooleiro empregou 27 mil trabalhadores em março (1,11%), contra um saldo negativo de quase 20 mil vagas (-0,80%) nos demais setores da indústria. Já a variação sobre o total de empregos criados pelos setores ligados a açúcar e álcool no mês anterior foi de 23,3%. Na mesma base de comparação, os demais segmentos recuaram 0,9%.
Segundo o diretor do Depecon, o comportamento do setor sucroalcooleiro deste março foi relativamente atípico em relação a anos anteriores: enquanto a elevação setorial foi de 23,3% ante fevereiro, no mesmo mês de 2007 e 2008 a variação ficou em 7,1% e 12,6%, respectivamente.
"De certa forma, antecipou-se para março o grande salto que ocorre no mês de abril, comparativamente a anos anteriores. Isso significa que as usinas iniciaram mais prontamente a fase de colheita", explicou Paulo Francini. Segundo ele, o motivo da antecipação da produção, em grande parte, foi a necessidade de geração de caixa na atual conjuntura de escassez de crédito.
Sensor
O indicador antecedente da Fiesp, com resultados da primeira quinzena de abril, foi estável em relação às duas apurações anteriores (49,5 pontos). Mercado (58,8) e Vendas (54,5) seguem com perspectivas de melhora, e o estoque ainda se mostra excessivo (34,7).
Segundo Paulo Francini, chama atenção a expectativa dos agentes para o item investimentos, que saltou de 47,2 pontos na segunda quinzena de março para os atuais 51,9 pontos. "O resultado ligeiramente superior ao ponto de neutralidade pode representar uma certa retomada na intenção de investir", apontou.
Já o emprego passa por uma fase "mais suave de redução", na óptica do Sensor, e tende à estabilização. "A crise ainda promove seus efeitos, porém, a primeira grande onda - com todas as devastações que trouxe - aparentemente já passou, e a questão das demissões no estado de São Paulo está se aquietando", sinalizou Francini.
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