Fonte: Agência FAPESP - 17/04/07
Companheiro do etanol no âmbito dos combustíveis renováveis, o biodiesel começa a se firmar no Brasil em relação à produção e distribuição nos postos de reabastecimento.
Até o final do ano, o total produzido deve chegar a 750 milhões de litros, quase os 840 milhões que o país deverá produzir a partir de 2008 para atingir a cota de 2% de incorporação desse biocombustível ao diesel mineral derivado do petróleo, como prevê lei federal de 2004 que estabeleceu o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel.
Ao longo desses últimos anos, quase três dezenas de usinas já foram construídas ou estão prestes a ser inauguradas e novas tecnologias de produção surgiram. Mas ainda há muito por fazer. Quase a totalidade desse biocombustível produzido hoje no Brasil não é propriamente renovável porque é feita com metanol, uma matéria-prima essencial para o processo de transesterificação, a reação química que transforma o óleo vegetal em biodiesel.
O metanol é um álcool feito de gás natural ou extraído do petróleo, portanto não-renovável. A alternativa é o uso do etanol, também possível de ser usado nesse tipo de reação. O problema é que para fazer o biodiesel é preciso gastar mais álcool que metanol.
Para produzir mil litros de biodiesel, as usinas incorporam atualmente no processo de produção até 300 litros de metanol. Na fabricação com etanol, esse número sobe ao patamar de 500 litros do álcool feito no Brasil de cana-de-açúcar.
Nos dois processos, no entanto, sobra cerca de 50% de qualquer um dos dois álcoois, num processo chamado de recuperação do excesso que leva a parte que sobra de volta ao início da produção. Com preços equivalentes, dependentes da região onde o biodiesel é produzido, os produtores estão preferindo o metanol pela diminuição dos gastos.
Uma das possibilidades que podem ajudar o renovável álcool a ser incorporado na produção do biodiesel é um sistema desenvolvido pelo professor Miguel Dabdoub, do Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas (Ladetel) da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto. “No Brasil temos a oportunidade do uso do etanol, mas a maior parte das indústrias não tem tecnologia para isso”, diz Dabdoub.
Além do uso do etanol, Dabdoub propõe um conjunto completo de estudos de efluentes e tratamento de resíduos. “Imaginemos que se produzam 2 bilhões de litros de biodiesel no Brasil, precisamos lembrar que se gastaria no processo mais 1 bilhão de litros de água, que precisam de alguma forma ser recuperados e voltar para produção.”
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