Foto: Divulgação
A Siemens vai começar a produzir este ano, no Brasil, peças internas de aerogeradores que são usados para geração de energia eólica. A fábrica de Jundiaí (SP) está sendo preparada para iniciar a produção e a decisão faz parte dos planos da companhia de participar do leilão de energia eólica que acontece em meados deste ano. Ela está estudando dez empreendimentos em que pretende ser a principal fornecedora de equipamentos.
A aposta da empresa é de que desta vez o Brasil tenha um programa de longo prazo para geração de energia a partir dos ventos. A Siemens já rondou o mercado brasileiro quando o governo lançou o Proinfra (programa de incentivo à geração de energias alternativas), mas não fechou nenhum negócio.
Poucas fornecedoras mundiais importantes fecharam parcerias no Brasil nessa época, mas agora todas elas estão de olho no mercado brasileiro de geração eólica. Nomes como Vestas, GE, Villares Metals, Impsa e a própria Siemens chegaram a patrocinar recentemente um seminário sobre energia eólica, em busca de negócios. Não é à toa o interesse, já que existe uma forte pressão ambiental sobre o governo, principalmente depois dos leilões de energia nova realizados no ano passado em que as usinas termelétricas movidas a óleo diesel reinaram absolutas, alterando drasticamente a matriz energética brasileira e elevando o potencial de emissão de gás carbônico.
Além disso, estudos recentes mostram que o país tem um potencial de geração eólica de 60 mil megawatts, ou dez vezes mais do que terão as usinas do Rio Madeira. E especialistas acreditam que esse potencial está subestimado. Apesar do preço da energia eólica ser mais cara que a hídrica, as empresas acreditam que a complementariedade que os ventos trazem será um fator decisivo para que o país invista nesse segmento. O diretor de energias renováveis da Siemens, Alan Rodriguez, acredita que haverá um projeto governamental de longo prazo para a geração eólica e por isso a empresa mostra agora tanto interesse no Brasil.
Rodriguez conta que a empresa está em conversas com diversos empreendimentos para poder trabalhar em projetos que saiam vencedores no leilão de meados do ano. Um vez vencida a disputa, os projetos podem sair do papel em até dois anos. A rapidez vai gerar grande quantidade de negócios para os fornecedores. Um dos incentivos de trazer parte da produção das peças para o Brasil, segundo Rodriguez, é também o atual patamar do câmbio.
O diretor diz que até o período anterior à crise econômica e financeira era impossível se pensar em abrir novas plataformas de exportação a partir do Brasil. O projeto da Siemens é centralizar a produção de peças que integram os aerogeradores no país, já que a fabricação em grandes quantidades permite corte de custos. As pás eólicas são produzidas em fábricas da empresa que ficam nos Estados Unidos e Dinamarca, e por isso serão todas importadas . Já as torres devem ser adquiridas aqui mesmo no Brasil, de fornecedores locais como Jaraguá, Dedini ou Usiminas Mecânica.
"Não há razão de importar torres", diz Rodriguez, lembrando que a logística de transporte é bastante complexa. Assim como também é complexa a própria instalação dos equipamentos. A Siemens prevê a contratação de novo pessoal para a instalação dos aerogeradores e também a importação de mão-de-obra especializada que possa treinar e prestar consultoria.
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