Setor de máquinas adota internet como canal de negócios

Imagem: Divulgação

Pouco a pouco, as empresas do setor metalmecânico começam a descobrir que a internet pode fazer mais por elas do que meramente fornecer um espaço quase gratuito para propaganda institucional e divulgação de produtos. Várias companhias - e dentre elas algumas de grande porte, como a Romi e a Deb’Maq - já abriram o olho para a possibilidade de empregar a web também como um canal de negócios e como uma ferramenta de prospecção do mercado.

Os usos variam quase que de empresa para empresa, mas eles têm em comum - além da quase universal central de atendimento - estarem baseados numa forte interatividade com o cliente. Através do site da Romi, por exemplo, o cliente que precisa de determinada peça de reposição hoje pode fazer o orçamento e encomendá-la sem sair da frente do micro.

“Antes, essa ferramenta servia apenas como um canal de consulta. O cliente tinha que confirmar a compra através de um documento impresso e fechar o negócio pelas vias convencionais”, explica o diretor comercial da Romi, Hermes Lago. “Agora, ele pode executar a operação do começo ao fim pela internet”.

De acordo com Lago, a ferramenta - que é gerenciada pela própria equipe da área de peças da Romi - possibilita ainda ao cliente até parcelar a compra, caso assim o deseje (bastando se cadastrar), e acompanhar passo a passo o seguimento do pedido, até a entrega.

Além deste serviço, o site da Romi oferece um amplo catálogo de informações técnicas sobre os equipamentos produzidos não só pela empresa, como também pelas suas associadas, como a Sandretto. Muitas informações institucionais estão igualmente presentes, já que, como uma companhia listada em bolsa, a Romi tem de dar uma atenção especial à relação com os investidores.

Já a Deb’Maq preferiu investir mais, nesta área digital, no trabalho de prospecção e divulgação. Bastante detalhista na apresentação da linha de produtos (é possível até fazer download de manuais e catálogos técnicos), e por isso muito consultado - são 10 a 15 consultas por dia -, o site da Deb’Maq está também servindo para a empresa conhecer melhor o mercado em que atua.

“Recebemos consultas de gente do Brasil inteiro querendo comprar máquinas e peças, oferecendo serviços, solicitando assistência técnica, tentando dirimir dúvidas”, conta o gerente de marketing da empresa, Mauro Trevisan. “Essas informações são depois reunidas e tabuladas, e nos ajudam a montar os cenários estratégicos com mais segurança”.

A Deb’Maq também mantém no site uma área dedicada à Unidade Móvel de Difusão Tecnológica da empresa - um gigantesco caminhão cuja “tripulação” leva informações sobre tecnologia e sobre o trabalho da companhia para empresas e instituições de ensino dos mais diferentes pontos do país. Nesse espaço digital, além de conhecer o projeto com maior profundidade, o cliente também toma ciência dos lugares que serão visitados pela unidade, e quais as programações que lá serão desenvolvidas.

Usados - As empresas que atuam no segmento de máquinas usadas também já entenderam que a internet pode proporcionar grande ajuda nos seus negócios. A Athena, de Joinville (SC), por exemplo, implantou em seu site um “centro de oportunidades na área de máquinas industriais usadas”, no dizer do proprietário Hélio Rosa.

“Trata-se de um banco de dados onde estão listadas todas as máquinas em oferta”, explica, acrescentando que se o cliente precisar de uma máquina que eventualmente não conste da listagem, a Athena pode localizar esse equipamento para ele, inclusive no exterior. Os contatos diretos com os clientes são também feitos pela Athena através da internet, na maioria das vezes.

A disponibilização na web das máquinas em oferta também se tornou comum no cluster de equipamentos usados da rua Piratininga, em São Paulo - existem ali cerca de 150 lojas e fábricas/revendedoras dedicadas ao negócio, e praticamente todas elas têm endereços na web que parecem vitrines em miniatura.

“Com a internet o nosso trabalho fica muito mais simples. O cliente já nos procura sabendo o que temos em oferta e quer saber asicamente das condições de pagamento e de entrega”, resume Janaína Leite de Siqueira, executiva de vendas da revendedora Vega.

Talvez a empresa do setor que mais tenha se enfronhado na “digitalização” dos negócios seja a empresa promotora de leilões Superbid. Nascida da fusão de uma empresa que fazia vendas unitárias de máquinas e equipamentos via internet com outra especializada em leilões, a Superbid costuma promover leilões presenciais e via internet de maneira simultânea, comercializando todo tipo de maquinaria pesada, equipamentos industriais, sucatas diversas, frotas de veículos e estoques excedentes.

“O nosso site funciona como uma espécie de bolsa, em que os produtos ficam 15 dias em exposição”, diz o diretor comercial da empresa, Pedro Barreto. De acordo com ele, a maior vantagem oferecida ao cliente por essa “plataforma eletrônica” é a de ele não precisar se deslocar de seu domicílio para participar do leilão e, para o vendedor, a de contar com um ambiente transparente e rastreável para a comercialização dos ativos disponibilizados.

Prova do sucesso da opção digital da Superbid está na sua carteira de clientes-vendedores, mais de 300, em sua maioria grandes companhias brasileiras e multinacionais, como Volkswagen, Renault, Dana, Vale, Pirelli, Bridgestone, Alcoa, Delphi e Bosch, só para citar algumas da área metalúrgica, automotiva e de mineração. A empresa abriu também filiais na Argentina, Chile e México para atender os clientes de forma global.