Tendências da usinagem aeroespacial

A usinagem de componentes destinados ao segmento aeroespacial cresce no país. Com a presença cada vez mais forte da Embraer no mercado mundial e o desenvolvimento mesmo que tímido de veículos lançadores e pequenos satélites por parte do governo, o Brasil se consolida em um mercado que deve movimentar em 2008, de acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia, mais de US$ 35 bilhões.

Trata-se de um setor cujos produtos apresentam altíssimo valor agregado. Para se ter idéia, o valor médio para o quilo de produtos finais do setor agrícola é de R$ 0,30; para automóveis R$ 10; R$ 100 para eletrônicos; R$ 1.000 para aviões e R$ 50.000 para satélites, segundo dados da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (Aiab). E o setor aeroespacial ainda convive com uma grande tendência, a
de trabalhar com materiais cada vez mais leves e mais resistentes a tensões, tais como ligas especiais de titânio, fibras de carbono e vidro, waspaloy, inconel, entre outros produtos compostos.

Reduzir o peso dos materiais significa também um menor consumo de combustível, amortizando impactos ambientais e custos diante das variações no preço do petróleo. Um Boeing 747, por exemplo, consome por volta de 150 mil litros de combustível em uma viagem de 10 horas, e se levarmos em conta que no mundo mais de 85 mil aviões comerciais decolam todos os dias, diminuir o consumo
de combustível é cada vez mais uma questão estratégica.

Desafios à usinagem

Quando o assunto é usinagem aeroespacial, diversas particularidades devem ser levadas em conta. A usinagem de fibras de carbono e vidro, por exemplo, se distingue pela emissão de pó no lugar de
cavacos. Isso faz com que seja necessária refrigeração a ar, além de um sistema de exaustão eficiente.

Nestes casos, também é imprescindível atentar para os ângulos da ferramenta, caso contrário o material pode sofrer lascamento gerando, conseqüentemente, um retrabalho. As fibras de carbono e
vidro também são extremamente finas, com espessuras que vão de 3mm a 5mm.

O titânio, por sua vez, demanda uma refrigeração mais abundante devido à sua abrasão. As ligas desse material, além de apresentarem cavacos abrasivos, caracterizam-se também por uma dureza muito alta. Mas é impossível desprezar a importância destas ligas para o segmento aeroespacial. Estima-se que o titânio representará 15% do peso das aeronaves no futuro.

Já os materiais como waspaloy e inconel demandam uma adequação dos parâmetros de corte para evitar o desgaste prematuro das ferramentas e, como são ligas resistentes ao calor, também é necessário
ter atenção ao processo de refrigeração.

Novos métodos

O desgaste das ferramentas, principalmente o do tipo entalhe, é conseqüentemente maior na usinagem aeroespacial devido à resistência destes materiais. Poreste motivo, são utilizadas ferramentas com pastilhas redondas, que possibilitam uma maior remoção de material, com melhor aproveitamento de arestas e melhor dissipação do calor.


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