Fonte: Valor Online - 18/11/08
A aposta financeira da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em seus próprios papéis levou a empresa comandada por Benjamin Steinbruch, principal acionista e presidente executivo, a fechar o terceiro trimestre com um magérrimo lucro: R$ 39,6 milhões. Esse desempenho ficou fora dos padrões da empresa, que tem uma das melhores margens de rentabilidade do setor no mundo. Da perda financeira de R$ 1,7 bilhão no trimestre, R$ 1,3 bilhão decorreram de um contrato de swap, feito em 2003, pelo qual a CSN apostava na rentabilidade de seus ADRs.
No mesmo trimestre do ano passado, a fabricante de aços planos obteve lucro líquido de R$ 699 milhões. No acumulado até setembro de 2008, a empresa lucrou R$ 1,84 bilhão, abaixo dos R$ 2,41 bilhões dos nove meses de 2007.
Conforme a CSN, o contrato - conhecido como total return equity swap - foi renovado várias vezes nos últimos cinco anos, demonstrando aposta da empresa na valorização do real, que começou 2003 valendo acima de R$ 3,40. Em julho e agosto deste ano chegou a ficar abaixo de R$ 1,60. Pelo mecanismo da operação, a empresa troca a rentabilidade dos ADRs contra uma certa taxa de juros. Um banco fica com a contraparte. Se a cotação dos papéis da siderúrgica sobe ela ganha, mas se cai a empresa perde, o que ocorreu no terceiro trimestre com a invertida do dólar.
A CSN informou no comunicado de resultado, divulgado na sexta-feira à noite [nas últimas horas para postar o informe do trimestre na CVM], que obteve ganhos de R$ 3,1 bilhões com essa operação até o fim do primeiro semestre deste ano. No acumulado até 30 de setembro, auferiu ganho líquido de R$ 1,8 bilhão com a aposta.
Do lado operacional, a receita líquida da CSN subiu 35,7% na comparação trimestral, para R$ 4,03 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (lajida) alcançou R$ 2,09 bilhões, com alta de 59,9%. A margem operacional consolidada atingiu 52%, superior à do trimestre anterior e à obtida um ano atrás.
O negócio de mineração de ferro, com margem de 67%, representou 16% da receita do trimestre, o dobro de um ano atrás. A CSN tinha plano de alcançar vendas de 30 milhões de toneladas neste ano. Mas problemas nas operações do porto e a retração da demanda a partir de outubro em todo o mundo deverão frear os planos. Nos nove meses, a empresa embarcou 13,1 milhões de toneladas a clientes do exterior (79%) e internos.
A CSN espera concluir até o fim de novembro a venda da participação de 40% na Namisa. Entrarão no caixa da companhia US$ 3,12 bilhões.
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