Fonte: Agência FAPESP - 10/04/2007
O desmatamento dá uma contribuição incontestável para o aquecimento global? Nem sempre, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores franceses e norte-americanos e publicado hoje no site da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
Os autores realizaram simulações de desmatamento utilizando um modelo global 3-D do ciclo de carbono e do clima, representando interações físicas e biogeoquímicas entre a terra, a atmosfera e o oceano. Os resultados sugerem que o desmatamento em escala global produz um claro efeito de resfriamento.
Os pesquisadores não contestam que o desmatamento envia grandes quantidades de CO2 à atmosfera, exercendo uma influência de aquecimento no clima da Terra. No entanto, diz o estudo, os efeitos biofísicos do desmatamento – como mudanças no índice de reflexividade da terra, evapotranspiração e cobertura de nuvens – também afetam o clima.
O efeito de aquecimento causado pelo ciclo de carbono e pelo desmatamento, diz a pesquisa, é sobrepujado pelo efeito de resfriamento associado com mudanças na reflexividade e na evapotranspiração.
O estudo foi realizado por uma equipe de pesquisadores do Laboratório Nacional Lawrence Livermore (Estados Unidos), do Departamento de Ecologia Global da Carnegie Institution (Estados Unidos) e da Universidade de Montpellier (França).
Experimentos voltados para o desmatamento em latitudes específicas indicaram que, embora os esforços de reflorestamento nos trópicos possam reduzir o aquecimento global, projetos semelhantes nas regiões temperadas poderiam trazer apenas benefícios menores.
Os cientistas advertem que o desmatamento tem diferentes conseqüências globais e locais, produzindo principalmente esfriamento local por clarear a superfície da Terra, mas esquentando o resto do planeta ao emitir CO2.
Embora os resultados questionem a eficácia dos projetos de reflorestamento em regiões temperadas para fins de mitigação do aquecimento global, os cientistas frisam que as florestas continuam sendo valiosas fontes de recursos ambientais por diversas razões não relacionadas com o clima. “A destruição de ecossistemas para prevenir o aquecimento global seria uma estratégia perversa e contraproducente”, dizem.
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