Existe uma premissa na área de comunicação e filosofia que cada pessoa tem um repertório de vida pessoal e profissional. Este repertório nada mais é que sua formação acadêmica, pessoal e familiar que montam o mosaico da personalidade e capacidade de absorver as coisas. Este tem sido o ponto forte de inovação nas empresas, as diferenças comportamentais, intelectuais e perceptivas.
E as empresas que não investem em inovação estarão fora do mercado em três anos. A previsão é de Carlos Faccina, Chanceler das Universidades Anhembi Morumbi e BSP, que integram a rede Laureate International, e foi feita durante palestra no Fórum de Administração 2008, promovido pelo Instituto Chiavenato e pelo Núcleo de Pesquisa do Administrador (NUPAD). Faccina, que também integrou o Comitê Consultivo do 34º Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas - CONARH 2008, participou de painel que discutiu o tema "Pessoas: incentivos para a cultura da inovação", junto com Ingrid Stoeckicht, do Instituto Nacional de Empreendedorismo e Inovação (INEI), Ulrico Barini, consultor e ex-diretor de RH do Santander e Cleisson Barbosa, Vice-Presidente da ABRH-Nacional, que coordenou o debate.
Segundo Faccina, não se inova sem percepção. Ele assinalou que os instrumentos de gestão do passado, como qualidade total, reengenharia ou reestruturação, não são mais suficientes para garantir a inovação de que as empresas necessitam para sobreviver. "A inovação exige o cumprimento de determinados pré-requisitos nas empresas, entre os quais a compreensão de que as pessoas são diferentes e são talentosas à sua maneira, cabendo à empresa conciliar as diferenças", assinalou.
Ele criticou o modo convencional de estrutura organizacional, que estabelece uma separação entre o "pensar" e o "fazer" nas empresas, pois, segundo ele, a criatividade e a inovação exigem a quebra dos modelos convencionais de gestão. Faccina lembrou que, com exceção do segmento de tecnologia da informação, que tem sido um dos mais inovativos, os últimos produtos de consumo realmente inovadores chegaram ao mercado há mais de 40 anos: "Basta observar que dos 100 produtos lançados nos últimos 5 anos, apenas 5 podem ser classificados como sucessos e os demais seguem para o esquecimento", advertiu.
Para Faccina, não seria exagero afirmar que 99% das lideranças das empresas atuam visando, apenas, preservar o poder, daí porque são lideranças conservadoras, que evitam ao máximo processos de mudança. "No entanto, notamos já há alguns anos uma busca desenfreada por resultados, que hoje estão nos dois dígitos e entre 15% e 20%. Isso esgota as pessoas, o que explica porque muitos presidentes de empresas não duram mais do que três anos, pois poucos agüentam tanta pressão", enfatizou.
Faccina criticou a tendência de criação de áreas de "inovação" nas empresas, como núcleos ou departamentos ou gerências. Ele assinalou que a prática tem mostrado que essa divisão leva ao fracasso, inclusive nas situações em que o núcleo de inovação é alocado na área de Recursos Humanos.
De acordo com Ingrid Stoeckicht, as empresas, de modo geral, são muito restritivas e limitadoras, o que termina por impactar a inovação, que não encontra espaço para se manifestar. "Uma pesquisa recente promovida pelo INEI com 36 empresas procurou avaliar quais são os fatores mais restritivos à inovação. A pesquisa apontou oito fatores comuns, mas o principal deles, que surgiu em todas as empresas, foi o papel negligente das lideranças das empresas no que diz respeito a criar as condições para a inovação", alertou Stoeckicht.
Comunicação
Para Ulrico Barini, ex-Diretor de RH do Santander, a inovação nas empresas não pode ser vista como um "produto", mas faz parte de um amplo processo que exige canais de comunicação totalmente abertos. "As empresas precisam deixar de ver a comunicação como um processo com fluxo unidirecional, ou seja, de cima para baixo. Comunicação é fluxo, vai e vem, e é justamente isso o que favorece e determina processos criativos de inovação e mudança", alertou.
Para Barini, muitas pesquisas evidenciam que um dos principais fatores de inibição à criatividade são chefias despreparadas: "Chefes são custo indireto, portanto não devem ser muitos. A função dos chefes não deveria ser a de mandar fazer, mas sim a de promover a educação. Se todos fizessem tudo certo, para que precisaríamos de chefes? O que começa a ficar evidente é que as chefias precisam ter um viés mais educativo, mais formativo, e isso só é possível para chefes realmente preparados para serem professores e não capatazes", advertiu.
Gostou? Então compartilhe: