Jeb Bush defende fim da tarifa para etanol

Para ex-governador da Flórida e irmão do presidente dos Estados Unidos, 'subsídios protegem os ineficientes'.

Fonte: Energéticas (www.power.inf.br) - 03/04/2007

Para ex-governador da Flórida e irmão do presidente dos Estados Unidos, 'subsídios protegem os ineficientes'.

Jeb Bush, ex-governador da Flórida e irmão do presidente americano, George W. Bush, afirmou ontem que as tarifas de importação sobre o etanol brasileiro 'não fazem sentido' e devem ser eliminadas. 'Subsídios e tarifas atrasam o desenvolvimento dos biocombustíveis, porque protegem produtores ineficientes e emperram a inovação', disse Jeb Bush, referindo-se à proteção aos produtores americanos de etanol de milho.

Durante o lançamento de um estudo sobre biocombustíveis do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Jeb Bush afirmou que eliminar ou reduzir aos poucos a tarifa de US$ 0,54 sobre o etanol importado é a maneira mais rápida e mais barata de os Estados Unidos aumentarem seu fornecimento e consumo de etanol. 'Afinal de contas, por que deveríamos cobrar tarifa de US$ 0,54 por galão de etanol do Brasil, da Colômbia ou do Haiti, se todo o petróleo entra nos EUA sem pagar impostos?'

Jeb Bush, que é um dos coordenadores da Comissão Interamericana de Etanol, disse ser importante não confundir independência energética com autonomia energética. 'Eliminar todas as nossas importações de combustíveis é um objetivo que não é realista e é desnecessário', disse Jeb Bush, em posição diametralmente oposta a democratas Barack Obama, senador e presidenciável. Obama, defensor das tarifas sobre o etanol, diz que não faz sentido substituir importação de petróleo por importação de etanol.

'Em vez de tentar acabar com as importações, deveríamos eliminar nossa dependência de combustíveis de países que são instáveis ou hostis', disse. Segundo ele, com o etanol, haveria milhares de fornecedores. 'Hoje , por exemplo, na Venezuela, Hugo Chávez controla toda a produção, ele pode romper contratos, como já fez, estatizar empresas, como já fez, e usar a PDVSA para objetivos prejudiciais aos Estados Unidos', afirmou. 'Prefiro depender do fornecimento de uma cooperativa peruana de etanol a depender de um ditador.'

Segundo Jeb Bush, os EUA precisam mudar sua política de combustíveis alternativos se quiserem atingir o objetivo de aumento de consumo de etanol. 'Nossa política atual para o etanol é uma política agrícola, não energética.'

Jeb Bush admitiu que o etanol de milho é bem menos eficiente do que o combustível produzido a partir da cana. E apontou o problema da alta dos preços do milho, por causa da maior demanda por etanol, que está inflacionando custos dos produtores de carnes nos EUA. 'Se os EUA participarem do mercado apenas com etanol de milho, haverá uma crise de preços na carne e nas tortillas.'

O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues e o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, que também coordenam a Comissão Interamericana de Etanol, participaram do evento. Moreno anunciou investimentos de US$ 300 milhões em projetos de energia sustentável.

Rodrigues sugeriu que a tarifa cobrada do etanol brasileiro seja usada para pesquisas no projeto de cooperação de biocombustíveis entre os dois países. O ex-ministro enfatizou a importância da inclusão do etanol na Rodada Doha, propondo a criação de um capítulo específico para tratar da abertura dos mercados para agroenergia.

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