Toyota escolhe Sorocaba como sede de nova fábrica


Depois de muitas idas e vindas, de visitas a cidades em dez estados promovendo uma espécie de leilão, a diretoria da Toyota acabou escolhendo Sorocaba, no interior de São Paulo, para abrigar sua nova fábrica de carros no país. O anúncio oficial deve ser feito ainda esta semana ao governador José Serra. Serão criados cerca de 2,5 mil empregos e o início das operações está previsto para 2010.

Ao contrário do que ocorre nessas ocasiões, a Toyota não fará um grande evento com a presença de autoridades e imprensa. Deve limitar-se a emitir uma nota. A simplicidade se deve ao fato de o grupo ainda não ter dados fechados sobre o valor do investimento, detalhes do veículo e volumes, embora estudos sobre a nova fábrica estejam em andamento desde 2002.

Executivos da empresa já citaram tratar-se de modelo de pequeno porte, porém não popular. As apostas são de um compacto premium, na faixa de R$ 35 mil. Há quem fale em preços mais acessíveis, já que a intenção é produzir cerca de 200 mil unidades ao ano, volume próximo ao do Gol e do Palio. O carro também será exportado.

Informações de mercado dão conta de que o investimento deve ficar entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão, incluindo a fábrica de motores. A Toyota tem uma unidade em Indaiatuba (SP) inaugurada há dez anos, que atualmente produz o sedã Corolla e a perua Fielder.

Em São Bernardo do Campo (SP), mantém uma linha de componentes, antes responsável pela produção do jipe Bandeirante. Foi a primeira fábrica da Toyota fora do Japão, instalada há 50 anos. No mundo todo, a Toyota disputa com a General Motors o posto de maior fabricante de veículos. No Brasil, detém menos de 3% das vendas, com 36,4 mil unidades de janeiro a junho. A marca espera aumentar essa participação para 10% com o novo carro.

Sorocaba, cidade de 600 mil habitantes a 92 quilômetros da capital, foi uma das primeiras cotadas para o projeto, mas a oferta de incentivos por parte de vários Estados levou o grupo a avaliar outras possibilidades.

A opção por Sorocaba levou em conta fatores logísticos como a proximidade de um grande centro consumidor - a região metropolitana de São Paulo e Campinas -, aeroportos e o Porto de Santos, além da concentração de indústrias de autopeças como ZF (eixos e transmissões) e Luk (embreagens).

O terreno escolhido, no km 92 da Rodovia Castelo Branco, tem 480 hectares. É uma área com pastagens, próxima ao Jockey Club e foi adquirida pela montadora. A cidade arcará com a infra-estrutura, além de isenções fiscais. A gleba fica próxima à zona industrial, que possui aduana própria. Está projetada para a mesma região a instalação de um novo aeroporto internacional.

Disputaram a fábrica, além de São Paulo, os Estados do Rio, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Mato do Grosso do Sul.

Procurado nesta terça-feira, o prefeito de Sorocaba, Vítor Lippi, disse que não poderia falar sobre o assunto. O sigilo teria sido uma das exigências do grupo japonês para evitar especulação imobiliária, além de corrida antecipada às vagas de empregos.

Diretores da Toyota tiveram várias reuniões este ano com Lippi e secretários, sempre fora da agenda oficial. Uma delas ocorreu no domingo de carnaval. A Toyota já fez consultas informais à Secretaria do Meio Ambiente para apurar se há riscos de problemas ambientais.

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