Futuro dos parques eólicos é incerto no Rio Grande do Sul

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Está previsto para o estado do Rio Grande do Sul a implantação de 27 parques eólicos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já autorizou a execução dos projetos, que envolvem investimentos no valor de R$ 3 bilhões e a geração de 1.566 megawatts de energia.

O coordenador da Assessoria Técnica da Secretaria de Infra-Estrutura e Logística, Edmundo Fernandes da Silva, afirma que, se tudo ocorrer no tempo previsto, apenas no final de 2010 estarão em funcionamento. No entanto, o alto custo do empreendimento pode prejudicar o leilão para a energia eólica, já que os 27 investidores no Estado são grupos que possuem empreendimentos em outros países.

Outra questão incerta é o tamanho dos parques. Segundo Silva, essa decisão irá ficar nas mãos dos investidores. “Quem vai determinar a prioridade não é o governo federal, nem o Estado, é o empreendedor. O detentor de um determinado ponto pode ser que ele vai dizer ‘bom, eu tenho dinheiro, eu posso bancar’, o outro vai dizer ‘não, esse preço do leilão não me interessa, eu vou cair fora. Ninguém investe em qualquer coisa na economia mundial sem que tenha um retorno. Ninguém empata e ninguém perde”, diz.

Questão que preocupa a coordenadora do Núcleo Amigos da Terra, Lúcia Ortiz. A ambientalista alerta para cuidados que devem ser dados à implantação dos parques eólicos. Eles não devem comprometer a paisagem local e precisam ter uma certa distância das moradias para o seu ruído não comprometer a qualidade de vida das pessoas. Nesse sentido, Lúcia aponta a preferência a obras pequenas e descentralizadas.

“O que acontece no Brasil é que nós temos uma cultura que é ao contrário da descentralização, que é justamente aproveitar o potencial dessas energias renováveis, porque o que a gente tem é uma cultura de fazer grandes obras, bastante centralizadas e na mão de corporações que acabam controlando o preço da energia”, diz.

Além de ser uma fonte abundante, a energia eólica é complementar. Ou seja, pode ser utilizada principalmente em regiões que já existam outras fontes de energia, como no caso das barragens, que ficam com um nível de água baixo nas estações de pouca chuva. O mesmo acontece onde a energia provém da biomassa, que pode ser substituída no período de entressafra, quando aumenta a freqüência de ventos.

Em Osório, já existe um parque eólico, que é o maior da América Latina. No leilão da energia eólica, está previsto que entre também o projeto para a sua duplicação. Santa Vitória do Palmar poderá receber quatro parques. Outros três em Mostardas e Osório. Palmares do Sul, Rio Grande e São Francisco de Paula podem receber dois em cada município. Também existem projetos para Arambaré, Maquiné, Capão da Canoa, Xangri-Lá, Imbé, Giruá, Cidreira, Jaguarão, Piratini e Santana do Livramento.