A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) pretende investir até US$ 6 bilhões em uma usina de 3,5 milhões de toneladas de aço por ano no porto de Suape, a 40 km do Recife. Em uma primeira etapa, a fábrica receberá US$ 1,3 bilhão de recursos e inicia produção de 500 mil toneladas/ano de aços longos, entrando em um segmento dominado pela Gerdau e ArcelorMittal.
Ontem, em uma solenidade no Palácio Campo das Princesas, na capital pernambucana, a empresa detalhou o projeto que deve instalar no Estado. De acordo com Enéas Garcia Diniz, diretor-executivo de produção da CSN, a idéia da siderúrgica é iniciar a construção da unidade daqui a um ano, com a conclusão da primeira etapa prevista para 30 meses depois. As outras duas etapas do empreendimento devem ser concretizadas em seis anos.
Da fábrica em Suape sairão de vergalhões a parafusos e telas. Inicialmente, segundo Diniz, o objetivo é abastecer o mercado nordestino com esses produtos. "O crescimento da região foi um dos pontos levados em consideração pela CSN ao optar por Pernambuco", explica o executivo, que também está de olho no estaleiro Atlântico Sul, instalado ao seu lado no porto de Suape.
As matérias-primas para a produção do aço - carvão de diversas partes do mundo e minério de ferro da mina Casa de Pedra, em Minas Gerais - chegarão à unidade por um porto privativo que será erguido em Suape. A unidade será suprida quase que totalmente com energia gerada em uma termoelétrica da siderúrgica, a partir do carvão, dos auto-fornos e da aciaria.
O empreendimento ainda está numa fase bastante inicial, sem um projeto executivo finalizado. A pressa em anunciá-lo se deve ao fato de a reforma tributária do deputado federal Sandro Mabel (PR-GO), que está em andamento, barrar a concessão de incentivos fiscais estaduais para a atração de investimentos privados. O relator propõe que sejam aceitos os projetos aprovados até do dia 30 de junho e que os benefícios sejam válidos até o ano de 2020.
No fim da tarde, a assessoria de imprensa da CSN informou que "apenas foi firmada uma carta de intenção para iniciar estudos de análise de viabilidade para investimento em uma usina de aço em Pernambuco". Até às 21 horas, a CSN não havia comunicado sua intenção de investimento à Comissão de Valores Mobiliários.
Para acelerar a decisão da empresa de abrir uma nova siderúrgica em Pernambuco - que deverá também contemplar produção de aços planos no futuro -, o governo estadual também enviou à Assembléia Legislativa um projeto de lei que dá 95% de desconto no ICMS à CSN caso o projeto de investimento seja aprovado.
Ao abrir mão desse imposto, o governador Eduardo Campos (PSB) afirmou que está interessado em toda a cadeia produtiva que a siderúrgica pode atrair ao Estado. "Cria um incentivo à vinda de montadoras e fabricantes de aparelhos de linha branca." A própria CSN sinalizou que pode trazer novos empreendimentos do grupo ao Estado, como uma fábrica de cimento. No momento, a empresa instala uma cimenteira em Volta Redonda (RJ).
Hoje, o maior projeto que a CSN tem em Pernambuco é a ferrovia Transnordestina, que caminha a passos lentos. Segundo Diniz, ela poderá vir a ser usada para fazer o escoamento da produção. No Rio, a CSN trava uma queda de braço com o governo por incentivos para fazer uma usina em Itaguaí (RJ)
Uma outra siderúrgica, da espanhola Celsa, ainda tem uma carta de intenções assinada com o governo pernambucano para construir uma planta também no complexo portuário e industrial de Suape. O governador pernambucano acredita, porém, que ela deva desistir do projeto diante da chegada da CSN.
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