A ausência de montadoras de automóveis na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) não tem impedido que o crescimento recorde das vendas de veículos no país comece a transbordar para o mercado financeiro. Mesmo que empresas como GM, Volkswagen e Renault jamais tenham negociado seus papéis na bolsa brasileira, os ganhos com o aquecimento do consumo de veículos surgem por causa das empresas que fornecem matéria-prima e componentes para a cadeia automotiva. Segundo os analistas, o potencial de valorização de alguns papéis ligados ao setor alcança até 48% neste ano.
O segmento mais diretamente beneficiado é o de autopeças, que reúne destaques como a Iochpe-Maxion (MYPK3) e a Randon (RAPT4). A primeira é líder nacional em produção de rodas e chassis usados tanto em carros de passeio como em veículos pesados. Por causa do aumento no volume de pedidos, nos últimos meses, a previsão de crescimento da receita da empresa até o fim de 2008 já foi revisada de 10% para 15%. O bom momento é captado também pela avaliação das corretoras.
O Santander, por exemplo, estima um preço-alvo de 39,70 reais para este ano. Isso significa um potencial de valorização de 13,60% sobre o fechamento desta sexta-feira (6/6), quando os papéis alcançaram 34,40 reais. Para 2009, o Santander enxerga um potencial ainda maior de ganhos - 28,5% -, com um preço-alvo de 51 reais.
Já na Randon, a boa fase das indústrias automobilística e de caminhões impulsiona mais marcadamente três das empresas que compõem o grupo, a fabricante de materiais de fricção Frasle, a produtora de suspensões Suspensis e a Master, que fabrica tambores de freios. Juntas, elas são as principais responsáveis pelo anúncio de que o grupo também vai rever para cima suas previsões de receita, em julho. Para a empresa, a Fator Corretora projeta um preço-alvo de 25,60 reais neste ano. Considerando-se que as ações fecharam cotadas a 17,75 reais nesta sexta-feira, isso significa uma possibilidade de ganho de 48,40%.
Em meio às perspectivas favoráveis de vendas, fica mais fácil para ambas as companhias repassar os aumentos no custo de matérias-primas e, conseqüentemente, manter as margens de lucro, como explica o analista de autopeças e bens de capital da Ativa Corretora, Antonio Bezerra.
“Não resta sombra de dúvidas de que as duas vão entregar seus guidances (previsões de crescimento) para esse ano”, ele afirma. A Ativa ainda não estabeleceu preço-alvo para os papéis, mas acaba reforçando a avaliação positiva de outras corretoras. Dos sete analistas que indicam recomendações sobre a Iochpe-Maxion, Por exemplo, cinco sugerem compra, um classifica-a como atraente e um único indica manutenção.
No mesmo rumo encontra-se a Marcopolo (POMO4), uma das três maiores fabricantes de carrocerias para ônibus do mundo. A companhia já estimava um crescimento real de 10% a 15% em 2008, mas deve rever em breve suas previsões, segundo analistas que cobrem o setor. As perspectivas do papel também são favoráveis. A Fator Corretora estima que ele pode alcançar 9,90 reais até o final do ano - uma alta de 36,5% sobre os 7,25 reais com que fechou a semana passada.
Siderúrgicas em alta
Outro setor ao qual o investidor deve ficar atento é o de siderurgia, diretamente impactado pela demanda automotiva. Gerdau, Usiminas e CSN serão as empresas mais beneficiadas com a elevação das vendas de carros e caminhões, segundo relatório da corretora paulista SLW.
“Atualmente, a Usiminas (USIM5) é a maior fornecedora para o setor automobilístico brasileiro, mas continuamos acreditando que as ações ON da CSN (CSNA3) e as PN da Gerdau (GGBR4) tendem a apresentar um melhor desempenho na Bovespa no curto prazo”, indica o documento.
Para a Itaú Corretora, as ações preferenciais da Usiminas (USIM5) podem chegar a 105 reais neste ano, o que significa um potencial de 21% de alta sobre o fechamento da sexta (86,75 reais). A corretora também estima um preço-alvo de 88 reais para as ordinárias da CSN (CSNA3). Isso significa um ganho potencial de 11% sobre os 79,34 reais do último pregão. Já a Brascan Corretora avalia que as ações da Gerdau (GGBR4) encerrarão o ano valendo 93,15 reais, ou quase 20% mais do que na última semana.
O otimismo do mercado financeiro com as companhias envolvidas na cadeia automobilística ganhou peso na semana passada, quando a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos) divulgou um aumento de 15% nas vendas de veículos em maio de 2008, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Impulsionado pela melhora nos índices de emprego e renda das famílias, além da expansão do crédito ao consumidor, o volume de vendas já chega a 1,15 milhão de unidades, 30% acima do registrado no mesmo período de 2007.
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