O que pode ser feito com o lixo tecnológico?

Foto: Procuradoria Geral da República - Programa de Gestão Ambiental

Um problema moderno e com poucos projetos para sua resolução. Trata-se do lixo tecnológico, chamado também por muitos de lixo eletrônico. Não, não são os famosos spams, que aterrorizam milhões de usuários de e-mail diariamente.

É, na verdade, um artigo que, com a evolução da tecnologia e o barateamento dos produtos eletrônicos, se torna cada vez mais comum em casas e até em ruas e aterros sanitários.

O assunto já é tratado por lei em vários estados brasileiros, e por algumas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). No Paraná não deve ser diferente, já que a Assembléia Legislativa acabou de aprovar um projeto sobre o assunto.

De autoria dos deputados estaduais Pastor Edson Praczyk (PRB) e Rosane Ferreira (PV), o projeto obriga as empresas paranaenses produtoras, distribuidoras e que comercializam equipamentos de informática a criar e manter um Programa de Recolhimento, Reciclagem ou Destruição de Equipamentos de Informática, sem causar poluição ambiental.

O projeto pretende, ainda, obrigar as empresas a manter, em seus estabelecimentos, um serviço de coleta de produtos usados ou danificados destinados à destruição. De acordo com Praczyk, o problema do lixo tecnológico é evidente no mundo. “Hoje é mais fácil descartar do que consertar os equipamentos. Então as pessoas ou mantêm os aparelhos em casa, ou acabam jogando no lixo comum”, avalia. Para ele, as empresas não devem ter muito do que reclamar.

“É uma questão de adequação”, diz, comparando o assunto com a questão das baterias de celulares, que há alguns anos atrás exigiu que as empresas do ramo definissem políticas de tratamento das peças descartadas. Já Ferreira acredita que, se aprovada, a lei irá “forçar com que a indústria recolha (os materiais) e se preocupe com o seu destino final”. O projeto passou, esta semana, pela sua redação final, e deve ser enviado ainda este mês para sanção do governador Roberto Requião.

Garimpo

A quantidade de lixo eletrônico que é produzido na sociedade moderna já está causando o surgimento de uma nova atividade: o garimpo urbano. Em países cujos eletrônicos são famosos pelo seu preço baixo, como o Japão, pessoas vasculham o lixo para retirar, de produtos eletrônicos, componentes metálicos cujo preço é cada vez mais alto. Outros países, como a Índia, a China e a Nigéria, onde a atividade também é comum, recebem lixo tecnológico de vários locais do mundo, onde é mais barato exportar do que manter o lixo.

A maioria dos componentes visados são pouco conhecidos: o índio, por exemplo, é usado na produção de telas de LCD, e o antimônio e o bismuto são fundamentais em produtos de alta tecnologia. Mas aparelhos como telefones celulares e placas de computadores ainda podem conter, em seus circuitos, até ouro. O metal precioso é tido como um melhor condutor de eletricidade que o cobre, que é usado mais amplamente pela indústria e também alvo de reciclagem.

Enquanto alguns materiais são reciclados ou mesmo reaproveitados para consertos ou confecção de novos aparelhos, o ouro e outros metais preciosos muitas vezes são retirados, derretidos e vendidos a joalheiros, especuladores ou mesmo às fábricas de eletrônicos. Uma tonelada de telefones celulares pode conter 150 gramas de ouro, 100 quilos de cobre e três quilos de prata, entre outros metais.

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