Figura: Divulgação
O Banco Mundial lançou na última segunda-feira (17) uma nova garantia para o mercado de carbono que irá permitir a empresas de países em desenvolvimento entrar neste mercado em crescimento, que equivale a cerca de 40 bilhões de euros, segundo um representante oficial.
A International Finance Corp (IFC), braço credor do setor privado do Banco Mundial, disse que assinou o primeiro acordo de garantia de entrega de créditos de carbono com a produtora de fertilizantes Omnia da África do Sul e com a Rain CCI Carbon da Índia.
Na África do Sul, o acordo da IFC engloba 900.000 créditos da Omnia. Para a Rain, um dos maiores produtores mundiais de coque calcinado, o acordo engloba 850.000 créditos de carbono.
Sob o acordo, a IFC irá ajudar a facilitar a entrega dos créditos de carbono de empresas em países em desenvolvimento para compradores em mercados de países desenvolvidos, como Europa e Japão, disse o chefe da divisão de petróleo, gás e químicos, Lance Crist.
Segundo ele outras empresas na China, Índia, México, Brasil, Egito e Tanzânia já demonstraram interesse no produto.
Os compradores dos países desenvolvidos, que precisam cumprir metas sob o Protocolo de Quioto têm se recusado a pagar o preço completo dos créditos provenientes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) devido ao risco associado com as negociações nestes países.
Crist disse à Reuters que o produto da IFC garante a habilidade das companhias em entregar os créditos de carbono.
“Este ainda não é um mercado muito eficiente e transparente, assim os vendedores dos créditos não sabem exatamente quais os preços que estão submetidos, e não sabem se os investimentos estarão por aí amanhã”, disse ele.
“Assim, a IFC está oferecendo um produto que basicamente proporciona total transparência para os vendedores de créditos de carbono ao demonstrar quais são os preços e garantindo a entrega aos compradores, em troca temos um pequeno ‘spread’* para nos compensar pela valorização do crédito”, disse Crist.
Compradores potenciais - Segundo ele os créditos de carbono seriam vendidos para compradores potenciais na Europa e Japão. No caso da Omnia e da Rain, estes contratos ainda não foram assinados, adicionou Crist.
“Ainda não sabemos quem são estes compradores, mas sabemos que será atrativo para o mercado e que há um preço diário que flutua segundo a oferta e a demanda”, disse ele.
“Mas ainda precisamos trabalhar com as empresas para determinar qual o preço que elas estariam aptas a vender e quem seriam os compradores. Até executarmos a segunda metade da negociação, não saberemos qual é o valor da transação.”
Segundo Crist, a garantia incentiva as empresas dos países em desenvolvimento a participar do crescente mercado de carbono e melhorar a lucratividade.
“Cada uma destas companhias está tendo que investir vários milhões de dólares para implementar seus projetos de redução das emissões. Mas em troca, têm a perspectiva de gerar fluxos significativos com os créditos de carbono”, adicionou.
As negociações globais nos mercados de carbono aumentaram em 80% alcançando 40 bilhões de euros, dominadas pelo esquema de comércio de emissões da União Européia (UE ETS). Entretanto, um mercado de 12 bilhões de euros sob o Protocolo de Quioto (MDL) enfrenta um futuro incerto após a UE relacioná-lo às negociações internacionais sobre um sucessor para Quioto.
Ainda, disse Crist, a partir do momento que os países em desenvolvimento se juntarem à Quioto, o mercado global de carbono pode se tornar um mercado de um trilhão de dólares.
“Até agora a participação do mundo em desenvolvimento através do MDL tem sido limitada”, disse ele. “Acreditamos que há um potencial imenso para as empresas do mundo em desenvolvimento participarem, que terá o benefício tanto de lidar com as mudanças climáticas, que fundamentalmente é a nossa preocupação, mas também criando modelos de demonstração para incentivar outras empresas a participar.”