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“Viver sem causar impacto ao meio ambiente é impossível, mas você pode fazer melhor”. Com esse lema, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e o Brazilian Carbon Bureau promoveram, na última quarta-feira (27/2), no município de Birigüi (SP), o primeiro evento da Campanha “Menos Carbono, Mais Sustentabilidade”.
O objetivo central da Campanha – que deverá acontecer em mais sete cidades paulistas ao longo de 2008 – é levar informações sobre redução e compensação das emissões de gases de efeito estufa para a população, especialmente para a classe empresarial.
Neste primeiro evento, que contou com o apoio da Prefeitura e do Sindicato das Indústrias do Calçado e Vestuário de Birigüi (Sinbi), 400 mudas de árvores nativas da Mata Atlântica foram gratuitamente oferecidas à população. Um gesto de estímulo à disseminação de mais áreas verdes, medida fundamental para combater a concentração dos gases de efeito estufa que, na opinião de especialistas, está no cerne do aquecimento global.
Das 10 às 15 horas, sob uma grande tenda armada no Paço Municipal, técnicos do BCB ofereceram atendimento personalizado, que permitia a cada pessoa descobrir o número de árvores que deveria plantar anualmente para compensar suas emissões de carbono no período. Até crianças do ensino fundamental participaram dessa grande mobilização em prol do meio ambiente, que reuniu cerca de 500 visitantes.
A partir das 16 horas, foi a vez dos empresários saberem mais sobre emissões de carbono e os caminhos para transformar a preservação do Meio Ambiente num negócio rentável, num Seminário realizado na sede do Sinbi e prestigiado por 120 participantes.
No encontro, o especialista em mercado financeiro e de capitais Tiago Ricci ressaltou que “o meio ambiente ganhou importância entre as grandes questões negociais e de políticas públicas”, e mostrou os caminhos para a comercialização de créditos de carbono.
Energia elétrica a partir do bagaço de cana
Mauro Calderero, especialista em Direito Ambiental da Equipav S/A – grande empresa multissetorial, atuante nos ramos de construção civil, sucroalcooleiro e outros –, apresentou o bem-sucedido case de aproveitamento do bagaço de cana para produção de energia elétrica. Além de alcançar a auto-suficiência energética na usina e de revender parte da energia excedente, a Equipav teve seu projeto aceito pela Organização das Nações Unidas (ONU) e entrou para o universo da comercialização de créditos de carbono. Hoje, cada crédito atinge o preço médio de 15 euros no mercado internacional, e entre outubro de 2002 e junho de 2006 a empresa acumulou 117 mil créditos.
O Seminário foi complementado pelo consultor Ricardo Valente da Silva, da Keyassociados, que discorreu sobre o Protocolo de Kyoto e o surgimento do mercado de carbono. Ele lembrou que, por ser um país emergente, o Brasil dispõe de condições privilegiadas para competir no mercado de carbono internacional: “Os países industrializados precisam reduzir suas emissões, ou compensá-las, e uma de suas opções é justamente adquirir créditos de carbono dos países em crescimento, grupo do qual o Brasil faz parte”, esclareceu.
A Campanha “Menos Carbono, Mais Sustentabilidade” contou com as presenças de Paulo Dallari, diretor de Meio Ambiente da Fiesp, do prefeito de Biruigüi, Wilson Borini, do diretor regional da Fiesp e diretor-adjunto do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Samir Nakad, e o presidente do Sinbi, Wagner Aécio Poli, e do presidente do BCB, Júlio Tocalino Neto.