Lista das 10 empresas mais "tóxicas" dos EUA

Foto: Envolverde

Muitas empresas já perceberam que agir de maneira ambientalmente correta é crucial nos dias de hoje, porém algumas parecem ainda não ter assimilado a idéia e insistem em empurrar para debaixo do pano toda a sujeira que andam produzindo.

As dez empresas norte-americanas reunidas pela revista de negócios Portfolio* divulgam para a mídia ações em prol do meio ambiente, ao mesmo tempo em que evitam falar dos diversos processos que respondem na justiça por poluição ambiental. Entre as chamadas “The Toxic Ten” (na tradução livre, as 10 tóxicas) pela revista, aparecem a Apple, a Alcoa, a Ford e a Boeing.

“A maioria das grandes corporações americanas estão tentando embarcar na roda ambiental, e praticamente qualquer CEO pode falar detalhadamente sobre as ameaças das mudanças climáticas globais e as virtudes do crescimento sustentável. Mas o que realmente significa todas estas corporações verdes?”, questiona a reportagem publicada na edição de março da revista.

Com objetivo de separar empresas admiráveis das que estão dando um péssimo exemplo ambiental, a revista fez uma longa investigação, consultando dezenas de agência governamentais, arquivos de cortes judiciais, observadores internacionais e tendo longas conversas com representantes de corporações, atenta para não se concentrar apenas nas tradicionais poluidoras.

“Este processo, apesar de conter dados científicos, contém doses de julgamentos subjetivos. Conseqüentemente, nem nossas listas ‘Toxic 10” de bandidos ou ‘Green 11’ de mocinhos devem ser vistas como um ranking empírico. Estas são meras empresas que achamos que poderiam fazer melhor, dado seus recursos e posição no seu setor industrial, ou aquelas que merecem ser recomendadas”, justificam os repórteres no texto.

Segundo a revista, o objetivo é ‘inspirar’ o debate e, acima de tudo, reflexões sérias sobre qual deve ser a postura das empresas para fazer a diferença em relação ao meio ambiente.

Abaixo as 10 empresas citadas e um pequeno resumo do porquê de serem sido selecionadas pela Portfolio. Para acessar a matéria na íntegra, clique aqui.

Alimentos

J.R. Simplot Co


Fornecedora de batatas fritas da rede McDonald´s, a J.R. Simplot Co foi apontada pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês) no ano passado como a principal emissora de quantidades mortais de fósforo no rio Portneuf.

“Por décadas, a Simplot estoca o lixo de produtos das fábricas de fertilizantes em Pocatello, no estado de Idaho, em um silo não demarcado que tem contaminado a água subterrânea da região e poluído o rio Portneuf com uma mistura de toxinas, incluindo arsênico e nitrato”, descreve a Portfolio. Segundo a revista, apesar de a Simplot estar trabalhando para limpar o local, ainda continua com a usina de fertilizantes em operação.

Além disso, a empresa tem contaminado o sudeste de Idaho com lixo de escavação e selênio, um elemento que pode ser mortal em largas quantidades. Em 2004, a Simplot já recebeu uma multa de US$ 500 mil da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) por falhar no controle de emissões de dióxido sulfúrico.

Em resposta, a empresa diz que reconhece que certos grupos estão insatisfeitos com as escavações de fosfato e está trabalhando com o governo para limpar a área.

Cargill


As usinas de processamento de milho da Cargill têm sido fonte de uma quantia significante de monóxido de carbono, compostos orgânicos voláteis (que podem causar câncer) e nuvens de poluição. A empresa trabalha agora para cumprir com um acordo feito com a EPA e o departamento de justiça em 2005 que a obriga a gastar cerca de US$ 130 milhões para limpar as usinas.

“A Cargill passou a maior parte da última década lutando contra ações referentes ao depósito de resíduos da produção de sal que vão para dentro de um lago em uma área de preservação natural na baia de São Francisco”, diz a reportagem.

Em resposta, a empresa diz que tenta agir de uma maneira ambientalmente responsável e que o tratamento de dejetos sanitários de usinas privadas são os culpados pelos despejos no rio Fork Shenandoah, na Virgínia do Norte.

Automóveis

Ford


No setor automotivo, a revista lembra que, apesar de a Ford ser a líder nas inovações “verdes” do setor, a fabricante ficou com o segundo pior lugar nos rankings de 2006 e 2007 da EPA referente à eficiência do consumo de combustível. “A Ford recentemente criou o maior telhado de grama do mundo na usina de Dearborn, mas a área coberta é uma fábrica que produz um dos veículos com a menor eficiência de combustível do mercado, a F-150”, cita a Portfolio.

A Ford diz que leva a responsabilidade ambiental a sério e está comprometida em ‘criar um mundo melhor e mais sustentável’, através do aumento da eficiência dos combustíveis e trabalhando de perto com autoridades locais e estaduais para limpar os solos contaminados.

Aeroespacial

Boeing


A falta de transparência sobre as suas emissões de gases do efeito estufa é o principal motivo porque a empresa foi selecionada pela Portfolio para esta lista. A reportagem lembra que a Boeing se recusou a participar do Carbon Disclosure Project, uma iniciativa de investidores para reunir informações sobre a pegada de carbono das companhias, por se recusar a tornar a informação pública. A empresa também recebeu uma multa de US$ 500 mil em setembro sob a acusação de que os seus laboratórios próximos ao Vale de Simi, na Califórnia, haviam lançado poluentes como chumbo, mercúrio e outros na águas da região.

A Boeing argumenta que tem reduzido substancialmente as emissões e poluição sonora das aeronaves, que tem dado seqüência a um plano agressivo e vem calculando a eficiência das suas aeronaves usando uma fórmula com padrões industriais.

Tecnologia

Apple


A Apple, que já há algum tempo promete se tornar uma empresa verde, está na mira dos ambientalistas por ser acusada de usar grandes quantidades de ésteres de ftalato, uma toxina que pode causar defeitos em fetos, na produção de iPhones e cordões de fones de ouvidos dos iPods.

A Apple prometeu parar de usar toxinas como PVC (poli cloreto de vinila) e retardantes de chamas bromados nos seus produtos até o final do ano. No entanto, o iPhone, lançado após feita a promessa, contém ambos os químicos, de acordo com testes conduzidos por grupos ambientais, o que muitos dos grandes fabricantes de celulares já eliminou dos aparelhos. A empresa preferiu não comentar as questões.

Serviços Públicos

Southern Co.


A Southern Co., que gera eletricidade para mais de quatro milhões de pessoas, dirige seis das 50 usinas energéticas mais sujas dos Estados Unidos em termos de dióxido sulfúrico, dióxido de carbono, óxido de nitrogênio e mercúrio, segundo dados da EPA. A Southern Co. alega que continua investindo bilhões de dólares para diminuir as emissões enquanto busca novas maneiras de produzir energia mais limpa

American Electric Power

Já para a American Electric Power, que implementa novas tecnologias para estocar CO2 sob o solo, é citada pela Portfólio por causa das emissões de mercúrio. Cinco usinas da empresa estão entre os 50 maiores poluidores de mercúrio. A Pirkey, do Texas, tem a pior produção energética (cinco milhões de megawatts por hora) por quantidade de mercúrio liberada (mais de 450 gramas).

“Como uma grande produtora de eletricidade, a A.E.P já esperava que as usinas estivessem no topo da lista de emissões por volume. No entanto, a A.E.P lembra que estas usinas operam em conformidade com as regulamentações ambientais estaduais e federais e estão entre as mais eficientes do mundo. A empresa reduziu suas emissões de mercúrio com a instalação de novas tecnologias”, respondeu a A.E.P à reportagem.

Energia

Massey Energy


A Massey Energy, quarta maior empresa de carvão dos EUA, é responsável pela derrubada de florestas em picos da Cordilheira dos Apalaches e por poluir riachos com resíduos das escavações. Em resposta as críticas, a empresa lançou comerciais na rádio e na tv em 2005, além do website OurTotalEnvironment.com, dizendo que trabalha para restaurar as terras que tem minado e que usa processos ambientalmente corretos.

Em janeiro, a Massey concordou em pagar US$20 milhões e tomar uma série de medidas para cumprir a lei. A empresa diz que os reservatórios de resíduos não são tóxicos, que irá restaurar os picos aos níveis originais e que não polui os riachos.

Chevron

A petroleira Chevron foi multada em US$ 300 milhões pelo governo do Cazaquistão em outubro por violações ambientais. Nos Estados Unidos, a empresa encara multas de agências reguladoras estaduais e federais sobre a poluição atmosférica e pluvial que vem causando, incluindo US$ 1,8 milhões nos últimos cinco anos pela refinaria de Richmond, na Califórnia.

A Chevron tem contribuído para a poluição de mais de 90 áreas Superfund, que são delimitadas pela EPA como sítios com poluição perigosa a saúde. Em resposta, a empresa diz que tem dado grandes passos para reduzir o uso energético e que tem investido em tecnologias para aumentar a eficiência e o uso de fontes renováveis. A Chevron diz acreditar que as acusações sob seus números ambientais não são exatas e dão uma idéia errada sobre a questão.

Alumínio

Alcoa


O derretimento de alumínio realizado pela Alcoa lança mais de 2,7 milhões de quilos de ar poluído anualmente na atmosfera. Em 2003, o Departamento de Justiça dos EUA ordenou a empresa que fechasse três das quatro usinas energéticas de Rockdale, no Texas, que na época eram apontadas pela EPA com as ‘mais sujas da nação’. Como parte do decreto, a Alcoa prometeu gastar US$330 milhões para substituí-las por usinas atualizadas. As usinas, no entanto, não foram fechadas até que o Departamento de Justiça aplicasse uma multa de US$ 9,2 milhões em 2006 por cerca de duas mil violações dos padrões de ar limpo.

A empresa diz que está trabalhando para melhorar a questão ambiental e que não comentaria as críticas levantadas. A Alcoa possui algumas iniciativas para reduzir as emissões de óxido de nitrogênio e mercúrio nas usinas, que, no entanto, se mantém entre as mais sujas do país.

* A Portfolio foi lançada em abril do ano passado pela editora Condé Nast (que também produz a Vogue), num investimento entre 100 milhões e 125 milhões de dólares até se tornar rentável - a maior verba jamais posta no lançamento de um título.

* Com informações da Portfolio.