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A fim de criar as condições para transformar os biocombustíveis em commodities, a força-tarefa integrada por técnicos de Brasil, União Européia (UE) e Estados Unidos concluiu a primeira etapa de harmonizar as especificações técnicas do etanol e do biodiesel. Já foram identificadas as divergências e convergências entre as normas fixadas por cada parte e, neste ano, o grupo trabalhará para alinhar os diferentes padrões e avaliar os custos. A meta é concluir essas ações até o fim de 2008, para que a análise das implicações para o comércio comece antes de dezembro e continue em 2009.
"Para nós, produtores, o importante é haver regras. Isso é muito importante, dará estabilidade", disse o presidente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), José Carlos Toledo. A conclusão do estudo é que não há especificações técnicas que representem um impedimento à livre circulação do etanol no mercado internacional. A grande discussão nos próximos meses será o volume de mistura de água no etanol a ser permitido. Segundo o relatório, o mínimo pela UE é de 0,24%. Nos EUA não pode ultrapassar 1,0%, enquanto no Brasil permite-se até 0,4%.
Por isso, autoridades e empresários brasileiros estão de olho nos trabalhos do grupo para evitar que um padrão dos países desenvolvidos seja imposto e barreiras comerciais sejam criadas. "Independentemente do teor de água, o Brasil vai ser supercompetitivo", comentou o analista Miguel Biegai Júnior, da Safras & Mercado.Das 15 especificações examinadas, oito são compatíveis nos três mercados, como aparência, densidade e conteúdo de sulfato, enxofre, cobre, aço e sódio. Seis são diferentes, mas podem ser alinhadas no curto prazo: acidez, conteúdo de fósforo e resíduos de evaporação.
O diagnóstico para o biodiesel é mais delicado. Sua transformação em commodity dependerá de uma uniformização dos motores existentes nos diferentes países. Na Europa, muitos carros de passeio são movidos a diesel. No Brasil e nos EUA, no entanto, o combustível é mais comum em veículos de maior porte. Além disso, devido ao uso de diversas matérias-primas, há diferenças entre as propriedades químicas do biodiesel produzido em cada região.
Das 24 normas técnicas analisadas do biodiesel, só seis são iguais no Brasil, no bloco europeu e nos EUA. Por exemplo, o conteúdo de metanol. Oito podem ser adequadas em breve: volume de fósforo e água ou resíduos de carbono. Dez especificações apresentam divergências de difícil solução, como o conteúdo de enxofre, a operação em clima frio e a densidade.
O relatório tripartite será apresentado aos outros integrantes do Fórum Internacional de Biocombustíveis, China, Índia e África do Sul. A próxima reunião será no dia 3 de março, em Washington.