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O aumento do nível do mar nas próximas décadas pode ser muito maior do que se acreditava, segundo especialistas. Um novo relatório de um grupo de cientistas do Centro Nacional de Oceanografia de Southhampton, Inglaterra, e centros de pesquisa alemães e norte-americanos diz que o nível do mar aumentou em média 1,6 metros a cada cem anos na última vez em que a temperatura da Terra esteve tão alta quanto se prevê as temperaturas para o final do século.
O relatório, publicado na revista Nature Geoscience de Dezembro, indica que as previsões atuais de aumento no nível do mar podem ser otimistas demais. Nos últimos 20 anos, o aumento do nível do mar se tornou um dos principais indicadores das mudanças climáticas e um dos debates ambientais mais freqüentes.
No último período interglacial (134 000 a 119 000 anos atrás), o nível do mar alcançou cerca de seis metros acima do nível atual devido ao derretimento da cobertura de gelo na Groelândia e Antártica. Os resultados do grupo apresentam a primeira evidência concreta do aumento do ocenao a este nível.
Estes novos estudos estão fornecendo provas de que o nível do mar está subindo mais rápido do que os cientistas previam, e cada vez se torna mais claro que os governantes tem que agir rapidamente para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. No último século, a Terra apresentou um aquecimento de 0,7°C em média, e entre 1993 e 2006 o nível do mar aumentou 3,3 mm por ano em média, enquanto o relatório do IPCC (International Panel on Climate Change) previa um aumento anual de menos de 2 mm.
“Atualmente há muitos debates sobre a velocidade futura em que o nível do mar aumentará. Vários pesquisadores construíram cases com fortes teorias que a taxa de aumento prevista pelos modelos recentes do quarto relatório do IPCC são muito baixas. Isto acontece pois as estimativas do IPCC abrangem principalmente a expansão térmica e o derretimento do gelo de superfície, enquanto não quantifica o impacto de processos dinâmicos da cobertura de gelo", diz o professor Eelco Rohling da Universidade de Southampton.
Segudno ele, até agora, não existia informações suficientes relacionadas a taxa completa do aumento do nível do mar no passado acima do nível atual. “Nós exploramos um novo método de reconstrução do nível do mar, no qual somos pioneiros desde 1998, para analisar as taxas de aumento durante o último período interglacial. Naquela época, a Groelândia era 3°C a 5°C mais quente do que hoje, similar ao aquecimento esperado daqui a 50-100 anos. Nossa análise indica que o conseqüente aumento do nível do mar devido a perda do gelo na Groelândia e Antártica realmente foi grande.”
Os pesquisadores descobriram que o aumento médio de 1,6 metros por século é aproximadamente duas vezes mais alto do que as estimativas máximas do IPCC. Ao passo que maiores áreas da cobertura de gelo derretem, um aumento do mar de cerca de um metro ameaçaria as terrras baixas, incluindo grandes cidades, como Nova York, Tóquio e Londres.