Foto: 6º Conferência Municipal de Produção Mais Limpa
O Brasil inicia 2008 com 261 projetos de produção limpa e a expectativa de evitar e emissão até por volta de 2012 de 271,4 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) ou seu equivalente em outros gases que causam o aquecimento da terra e as mudanças climáticas decorrentes. Os projetos foram desenvolvidos de acordo com as normas estabelecidas no Protocolo de Kyoto para os chamados mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL). Cada tonelada de CO2 evitada pode ser vendida a países industrializados que se comprometeram, de forma obrigatória, a reduzir suas emissões de gases em 5,6% em relação ao que liberavam em 1990. No mercado, está cotada em cerca de 17 euros, o que, numa conta simplificada, representaria receita de R$ 11,9 bilhões (o número é apenas referência, porque os valores variam de acordo com o projeto e devem ser considerados ao longo dos anos em que será medido).
O desempenho brasileiro na adoção de tecnologias de produção menos poluentes coloca o País em terceiro lugar no mundo, superado pela China e pela Índia. Dos 2.889 projetos de MDL em alguma fase de aprovação, a China detém 963 e a Índia, 819. Como os chineses têm uma produção altamente poluente, seus projetos tendem a significar reduções muito maiores de emissões de gases (2,14 bilhões de toneladas) seguido de longe pela Índia (966 milhões) A produção brasileira, especialmente de energia, é considerada uma das mais limpas do mundo. O País só figura entre os cinco grandes emissores por causa da derrubada de florestas e das queimadas, que representam 75% das emissões nacionais de carbono.
O setor de energia elétrica é exatamente o que mais projetos de MDL produziu: 163, com expectativa de deixar de emitir 125 milhões de toneladas de carbono, metano e outros gases. A suinocultura vem em segundo lugar com 40 e redução de 19,85 milhões de toneladas, seguida de aterros sanitários (28 projetos e 66 milhões de toneladas), que como a suinocultura, captura o gás metano, que é considerado até 21 vezes mais agressivo ao meio ambiente que o CO2. Os demais projetos são: indústria manufatureira (12 - 14,2 milhões), eficiência energética (10 - 549 mil), manejo e tratamento de resíduos (2 - 576 mil), projetos para evitar a emissão de óxido nitroso (N2O) são quatro, num total de 44,2 milhões de toneladas, indústria química (1 projeto, 119 mil toneladas) e produção de metal, com 1 projeto e 802 mil toneladas. <> Os gases resultantes de cada processo têm diferentes impactos sobre o efeito estufa. O metano, por exemplo, é considerado 21 vezes mais agressivo que o metano e o óxido nitroso, 310 vezes. Ou seja, cada tonelada evitada desses gases representa, respectivamente, 21 e 310 toneladas de carbono.
O MDL permite a certificação de projetos de redução de emissões nos países em desenvolvimento e a posterior vendadas reduções certificadas de emissão, para serem utilizada pelos países desenvolvidos para completar suas metas de emissão. O projeto tem de provar que é capaz de reduzir ou eliminar emissões de gases de forma adicional àquelas que ocorreriam se não fossem instalados. Por exemplo, o aterro sanitário emite gás metano, mas equipamentos podem ser instalados para queimar esse gás liberando CO2 (menos agressivo) ou transformá-lo em energia.