Rescaldos da mal-sucedida aliança com a Fiat, que terminou há mais de dois anos, trazem problemas para a General Motors no Brasil ainda hoje. A GM precisa aumentar a produção de motores para seus carros para atender ao aquecimento do mercado interno. Mas não consegue dispor de toda a sua capacidade porque está amarrada a um contrato de fornecimento do produto para a Fiat.
Nos próximos dias, a direção da GM no Brasil terá de decidir entre três saídas: continuar importando partes dos motores, aumentar o número de turnos na linha de produção ou fazer novos investimentos em ampliação industrial.
A empresa já importa da Hungria comandos de válvulas, uma parte importante do motor. Mas não decidiu ainda entre as alternativas de investir para elevar a produção ou simplesmente continuar importando, afirma o presidente da GM do Brasil, Jorge Ardila.
O executivo concorda, no entanto, que a montadora precisa hoje dos motores que ainda é obrigada a fornecer à antiga parceira.
Os produtos que a GM vende para a Fiat são para os carros mais simples - do tipo 1.0 e 1.4. Ardila não revela, porém, a quantidade destinada à montadora italiana. Ele diz também que o contrato levará ainda "alguns anos" para terminar.
Firmada em 2000, a aliança mundial com a General Motors foi uma alternativa à venda da Fiat, que à época enfrentava uma séria crise financeira.
Os termos do acordo previam que a Fiat poderia obrigar a GM, que detinha então 10% da montadora italiana, a comprar os restantes 90% depois de cinco anos. Mas a GM, que começava, então, também a enfrentar a própria crise financeira no seu mercado de origem, os Estados Unidos, preferiu pagar perto de US$ 2 bilhões para não ser obrigada a comprar a parceira.
O negócio favoreceu a Fiat que reforçou o caixa e logo depois conseguiu sair da crise. O fim desse casamento não interrompeu, porém, a continuidade de acordos operacionais em motores, que, ao lado da área de compras, deu o tom da história dessa aliança.
Ardila reconhece que a GM ganhou muito com o domínio da tecnologia do diesel da Fiat. O fornecimento de motores diesel da Fiat para a GM na Europa e o de motores pequenos da GM para a Fiat no Brasil são as duas únicas amarras entre as duas companhias que prevalecem em todo o mundo.
A linha de motores da GM funciona em São José dos Campos (SP), uma das fábricas em que a montadora ainda pode elevar o número de turnos. Colocar mais turmas de trabalho é uma das opções que a montadora estuda este ano para poder elevar a produção no Brasil e atender às filas de espera de consumidores que chegam a até 60 ou 90 dias, dependendo do modelo.
Ardila conta que a nova família de carros que a GM fará a partir do investimento de US$ 500 milhões anunciado no ano passado chegará em meados de 2009. Os veículos serão produzidos em São Caetano do Sul (SP) e Rosário, na Argentina.
Mas, antes disso, a empresa poderá aumentar as importações, que somaram em torno de 70 mil automóveis em 2007. Uma das alternativas é começar a levar produtos do México para o Brasil, uma transação sobre a qual não incide Imposto de Importação porque está contemplada em acordo de livre comércio entre os dois países.
A GM começará a produzir em sua fábrica do México o Aveo, um carro de porte médio para os padrões brasileiros, projetado na Coréia do Sul. É possível que importar o Aveo seja uma das alternativas da montadora americana para elevar a oferta, aproveitando o mercado aquecido e a desvalorização do dólar, sem ter que elevar o volume de investimentos no Brasil .
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