Entre o progresso e a ética: os desafios da IA segundo Ben Vinson III

Presidente da Howard University defende desenvolvimento responsável da IA durante palestra no MIT

Ben Vinson III, presidente da Howard University, foi o palestrante da edição de 2025 da Karl Taylor Compton Lecture, realizada no campus do MIT. Durante sua fala, ele destacou a necessidade de um desenvolvimento responsável da inteligência artificial (IA), levantando questionamentos fundamentais sobre o impacto da tecnologia na sociedade e na própria concepção do que significa ser humano.

Em sua palestra intitulada "IA em uma era pós-razão: um discurso sobre questões humanas fundamentais", Vinson argumentou que o progresso tecnológico deve sempre servir à humanidade, e não o contrário. Ele citou filósofos como Cícero para questionar se a IA pode contribuir para a busca pela virtude e sabedoria ou se corre o risco de automatizar aspectos essenciais da reflexão humana. "Estamos evoluindo como sociedade ou apenas abrindo mão da nossa agência em favor da automação?", indagou o acadêmico.

Ética, supervisão e adaptação social

Outro ponto fundamental abordado foi o papel das universidades como "bússolas intelectuais" para a evolução da IA. Segundo Vinson, as instituições de ensino superior devem atuar na separação entre riscos reais e medos infundados, garantindo que a tecnologia seja desenvolvida com ética, supervisão e adaptação social. O presidente do MIT, Sally A. Kornbluth, que apresentou Vinson ao público, ressaltou sua energia e capacidade de enxergar o futuro de forma otimista e reflexiva.

Ao longo da palestra, Vinson comparou o avanço da IA com outras revoluções tecnológicas, como a revolução industrial e a revolução digital. No entanto, ele enfatizou que a IA representa uma mudança ainda mais profunda, pois impacta a cognição, a criatividade e até mesmo a inteligência emocional. "A IA não é apenas sobre progresso tecnológico, é sobre poder, sobre justiça e sobre a própria essência do que significa ser humano", pontuou.


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Por fim, Vinson destacou a necessidade de se equilibrar os avanços da IA com os valores fundamentais da sociedade. Ele reforçou que este não é apenas um momento tecnológico, mas um período que exige coragem intelectual e imaginação moral para moldar um futuro que respeite a dignidade de todos. "Devemos guiar o mundo nesta transformação com sabedoria, visão e dedicação ao bem comum", concluiu.