Brasil ainda enfrenta obstáculos na implantação de cidades inteligentes

Entre os problemas estão a falta de definição de políticas pública e a dependência tecnológica de outros países

Por definição, cidade inteligente é aquela que tem inclusão social, planejamento urbano, ambiental e principalmente tecnologia de informação e comunicação. Pode ter pela indústria uma economia inteligente; por parte das pessoas, a educação; pela parte de eficiência e sustentabilidade, um ambiente inteligente; pela governança pública, o IDemocracia, uma democracia eletrônica, de segurança e qualidade de vida inteligente. Outra parte que também é bem forte é a de logística e infraestrutura, tratando de mobilidade, destaca Dib Karam Júnior, professor doutor livre-docente da USP.

Ele explica que, para o Brasil se destacar, falta uma definição de políticas públicas que melhore as condições de retorno desse sistema.“Ainda não é possível definir uma cidade inteligente, mas com relação à mobilidade urbana, por exemplo, já contamos com bons sistemas em várias cidades. Sistemas de geração de energia de forças renováveis, a energia fotovoltaica, por exemplo, e a eólica, já pensando na sustentabilidade, no ambiente e a segurança, que é a parte de vida inteligente.”

Existem aspectos legais que devem ser obedecidos, mas não existe uma barreira. A barreira tecnológica que existe é por conta de sermos dependentes tecnologicamente de outros países. “Não termos tecnologias de base, de circuito integrado, por exemplo, mas temos tecnologia para implementação de serviços, projetos de inteligência artificial generativa e por aí afora, dentro das universidades e estudos de uma forma geral.”

Incentivo público

O Brasil tem 5.565 municípios e uma lista de 100 cidades consideradas inteligentes. Curitiba, São Paulo, Campinas, São José dos Campos, Blumenau e muitas outras estão ranqueadas de um a cem em uma métrica que foi desenvolvida para isso. Falta um pouco de incentivo público, como, por exemplo, redução de impostos, caso se tenha algum tipo de implantação dessa inteligência e sua colocação no mundo.


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A violência e o tráfico no Brasil não impedem o desenvolvimento das cidades inteligentes, explica o professor Karam. “Isso não é impeditivo, isso é um incentivo para a implantação de cidades inteligentes para o cidadão comum, porque um dos aspectos bem fortes é a segurança e qualidade de vida. Hoje vivemos num sistema onde existem câmeras por todos os lados, então isso poderia até servir de incentivo para a implantação de cidades inteligentes, segurança e qualidade de vida, além da governança, que traz também uma forma de melhoria com relação à vigilância e segurança de uma forma geral.”

No exterior, Cingapura foi concebida com um robusto sistema de transporte, com soluções de mobilidade inteligente. Foram incluídos sensores, sistemas de gestão de tráfego em tempo real e opções integradas de transporte público. A parte de gestão de resíduos conta com coleta automatizada por sistemas de sucção, evitando a circulação de caminhões de lixo, mantendo um padrão de ar bastante agradável. Também há investimentos na gestão de água e soluções eficientes de energia.

Amsterdã é outro exemplo de cidade inteligente que promoveu uma revolução energética na produção, distribuição e consumo eficiente de energia. Tratando as fontes de energia, principalmente renováveis e locais, para melhorar sua matriz energética, hoje trabalha na criação de ecossistema circular minimizando a entrada de novas matérias-primas, incentivando a reciclagem e o reúso dessas matérias já em uso.

*Imagem de capa: Depositphotos.com