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Os donos das micro e pequenas empresas paulistas (MPEs) estão comemorando. Em outubro, o faturamento médio destes negócios cresceu 11,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, o que significou que os caixas acumularam R$ 23,4 bilhões no mês (+ 2,4 bilhões que em outubro de 2006). Foi o melhor outubro desde 2003, com faturamento de R$ 17.648,00/mês, puxado pelo comércio (+18,7% na comparação com outubro de 2006) e indústria (+ 6,9%). Em 2007 as pequenas empresas paulistas devem faturar juntas R$ 200 bilhões.
A receita também aumentou nas comparações mensais (out/07 comparado a set/07) e do acumulado do ano (jan-out/07 comparado a jan-out/06), 10,1% e 3,4% respectivamente.
Três dias úteis a mais, as vendas do Dia das Crianças e a indústria a pleno vapor para abastecer o comércio para vendas de Natal, além da ampliação da oferta de crédito ao consumidor e melhora de renda real dos trabalhadores foram os principais fatores apontados pelos especialistas do Observatório das MPEs do Sebrae-SP para esta recuperação.
Com base nestes dados, o diretor superintendente da entidade, Ricardo Tortorella, projeta que a receita dos pequenos empreendimentos deverá crescer 4% em 2007. É o melhor desempenho das MPEs em termos do faturamento nos últimos cinco anos.
"Acreditamos que as pequenas empresas vão recuperar a perda que tiveram no ano passado, quando fecharam no negativo em 3,5%. O ano de 2007 tem potencial para ser o ano inicial de um processo de recuperação mais duradouro para as pequenas empresas paulistas, graças à melhora nos fundamentos macroeconômicos e às melhoras no ambiente dos negócios com a implantação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e do Programa Desatar o Nó, do governo do Estado de São Paulo, que vai reduzir a burocracia para abertura e a gestão de empresas."
Os empresários também estão otimistas: 45% esperam melhora de faturamento nos próximos seis meses e 45% acreditam que vai permanecer como está. É o índice mais alto de expectativas positivas desde que este indicador começou a ser medido, em 2005.
Estes são os principais resultados dos Indicadores SEBRAE-SP, pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), realizada com a colaboração da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), junto a 2,7 mil micro e pequenas empresas do Estado de São Paulo, dos setores de comércio, indústria de transformação e serviços.
Mensalmente, são avaliados os índices de faturamento, pessoal ocupado, rendimento dos empregados, gastos com salários e expectativas das MPEs para faturamento da empresa e para a economia brasileira.
De acordo com Marco Aurélio Bedê, coordenador do Observatório das Micro e Pequenas Empresas do Sebrae-SP, "a queda dos juros iniciada há dois anos, a inflação sob controle e o aumento do poder de compra dos salários, ocorrido nesse mesmo período, impulsionou o consumo das famílias, reativando a economia brasileira. Como as micro e pequenas empresas são muito dependentes do mercado interno, estão manifestando agora os efeitos positivos dessa recuperação".
O nível do pessoal ocupado, no entanto, não acompanhou o ritmo do crescimento da receita e caiu 2,4% na comparação de 12 meses (out/07 contra out/06), totalizando 5,7 milhões de pessoas (4,32 por empresa) trabalhando nos empreendimentos de pequeno porte da capital, Região Metropolitana de São Paulo, Grande ABC e interior.
Mesmo com esta queda, os pequenos negócios continuam respondendo pela maior parte dos postos de trabalho na economia. Para o coordenador do Observatório, a queda é um reflexo do rearranjo no mercado de trabalho, uma vez que registra-se aumento nas taxas de empregos.
"No comércio, por exemplo, existem mais empregados que há 12 meses, mas parte dos sócios e familiares está encontrando novas oportunidades no mercado de trabalho. Já a indústria, está trabalhando com um quadro mais enxuto de empregados para manter-se competitiva frente aos importados, com estabilidade no nível de sócios e familiares. Finalmente no setor de serviços, verifica-se um enxugamento mais forte de pessoal, em parte porque é sempre o último setor a recuperar-se, em parte porque as novas empresas de serviços são cada vez mais enxutas em termos de pessoal" explica.
O rendimento real dos empregados nas pequenas empresas também apresentou alta na comparação de outubro de 2007 com outubro de 2006: 2,9%, acompanhando o índice medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostra que o rendimento médio dos trabalhadores cresceu 1,2%, na média das seis principais regiões metropolitanas do país (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo).
O indicador gastos com salários apresentou queda (-2,2%) na comparação de 12 meses, sendo que setorialmente as prestadoras de serviços registraram a maior queda (-9% na comparação out/07 contra out/06). A média da folha de pagamento nas MPEs em outubro foi de R$ 2.087,00.
Expectativa
O salto no faturamento em outubro refletiu diretamente nas expectativas dos proprietários das MPEs. Em novembro/07, para 90% dos entrevistados o faturamento de seus empreendimentos vai subir nos próximos seis meses (45%) e/ou manter-se estável (45%). É o maior índice desde o início da pesquisa Expectativas das MPEs, em maio de 2005.
A pesquisa mede ainda a expectativa dos pequenos empresários com relação ao nível de atividade econômica. E o otimismo continua em alta. Em novembro de 2007, 43% acreditavam na melhoria da economia nos próximos seis meses e 45% apostaram na estabilidade.
Setores
Setorialmente, as MPEs do comércio e da indústria apresentaram expansão da receita nos últimos 12 meses: 18,7% e 6,9% respectivamente, enquanto as prestadoras de serviços apresentaram estabilidade no faturamento (-0,2%) No acumulado do ano (jan-out/07), comércio e indústria também estão num melhor momento que no mesmo período do ano passado: + 7% e + 2,4%, respectivamente. As MPEs de serviços amargaram queda de 3,0%.
No comércio, os segmentos que apresentaram maior alta de receita foram o varejo, onde predominam setores como alimentos e vestuário e na indústria foram os bens intermediários e os não-duráveis, como calçados por exemplo.
Por regiões
Os pequenos empreendimentos da capital, Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e do Grande ABC registraram o melhor mês de outubro dos últimos anos, seguindo a tendência geral, puxados pelo comércio e pela indústria. Na comparação com outubro do ano passado apresentaram altas de 8,7%, 8,9% e 12,9% respectivamente.
As MPEs do interior apresentaram alta de 14,9% sobre outubro do ano passado, ficando próximo do nível de faturamento registrado em 2005. "Essa região tem uma situação diferenciada porque já vem sendo beneficiada por um processo de desconcentração econômica que ocorre há mais tempo e pelo desempenho do setor agrícola brasileiro", avalia Bedê.
O desempenho positivo também aconteceu no acumulado do ano (jan-out/07 contra jan-out/06), com exceção das MPEs sediadas na RMSP, que apresentaram queda do faturamento em 0,6%.
Com relação ao nível de pessoal ocupado, há diferenças fortes setoriais e regionais. Na comparação jan-out/07 com mesmo período do ano anterior, o interior apresenta expansão de 1,6%, o Grande ABC 0,9% e a RMSP e a Capital apresentam quedas respectivamente de 3,9% e 4,0%.
A amostra da pesquisa é representativa das mais de 1,3 milhão de MPEs da indústria de transformação (11%), comércio (57%) e serviços (32%). Elas representam 98% das empresas formais e ocupam cerca de 67% da mão-de-obra do setor privado, em todo o Estado de São Paulo.
A pesquisa monitora o desempenho das MPEs em todo o Estado e apresenta dados para quatro regiões: capital (cidade de São Paulo), Grande ABC, Região Metropolitana de São Paulo (39 municípios) e interior.
O estudo completo está disponível em www.sebraesp.com.br, clicando em "Conhecendo a MPE", seção "Indicadores".
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