Apesar das previsões apontarem para a continuidade do crescimento da economia brasileira, as siderúrgicas estimam que as exportações de aço vão crescer mais que o consumo interno no próximo ano.
O Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) avalia que o aumento de 20% da demanda brasileira em 2007 - maior até que o aumento de 11,4% na China - não se repetirá em 2008. A expectativa é de alta de 10% nas compras de aço no país. E as exportações, segundo previsões do IBS, crescerão 17,9% em 2008.
"O crescimento do mercado interno desviou as exportações para dentro do País em 2007. Atendemos plenamente à demanda interna e vamos continuar atendendo", disse o representante das siderúrgicas, Rinaldo Campos Soares, que preside o IBS. "Neste ano houve um crescimento exacerbado em determinados segmentos que não deverá se repetir em 2008", acrescentou.
Em alta
Categoria industrial que mais cresce no país, o setor de bens de capital consumiu 30% mais aço em 2007 em relação a 2006. O salto supera o das montadoras, que, diante das vendas recordes de automóveis, compraram 17,8% mais. A construção civil, que consome quase um terço do aço vendido no País, aumentou em 16,2% a demanda.
As vendas de aço para tubos cresceram 40%, impulsionada pela construção de gasodutos, plataformas de petróleo e indústria naval. A venda de chapas de aço deve crescer mais com o ressurgimento da indústria naval.
O IBS avalia que as siderúrgicas nacionais terão condições de vencer concorrência internacional para fornecer cerca de 430 mil toneladas de aço para a construção dos navios da Transpetro. Soares admitiu que as empresas vendem mais barato para clientes no exterior, conforme acusam os estaleiros, mas frisou que esta é uma praxe do setor em todo o mundo.
"Em nenhum lugar do mundo se vende para a indústria local pelo mesmo preço que o estrangeiro, que tem de arcar com custos de frete e uma série de outros gastos. Seria inviável", diz.
O vice-presidente executivo do IBS, Marco Polo de Mello Lopes, disse que a Transpetro não apresentou às siderúrgicas nacionais as especificações para o aço que vai ser usado na construção de navios petroleiros. E por isso o processo de negociações não avançou.
Projeção
Por causa do boom do consumo interno e do câmbio desfavorável às exportações, as empresas reduziram as vendas de aço para o exterior em 16% neste ano A expectativa é elevar as exportações de 10,5 milhões de toneladas neste ano para 12,4 milhões em 2008. Para tanto, a produção deverá crescer 10,8%, para 37,6 milhões de toneladas.
No Brasil, o consumo de aço somou 22,2 milhões de toneladas, equivalente a 117 quilos por habitante. "No início da década, esse consumo era de 126 quilos por brasileiro", comparou o executivo. Segundo Soares, em comparação com países ricos o consumo de aço no Brasil é bem menor: nas nações industrializadas, o consumo é de entre 400 quilos a 600 quilos. Na China, a média é de 270 quilos. O país mais populoso do mundo responde hoje por um terço da demanda de aço, mas também é um grande produtor.
Os novos projetos de siderurgia, em andamento ou já anunciados, dobrarão a capacidade de produção de aço no país. Investimentos já definidos aumentarão a capacidade instalada dos atuais 37 milhões de toneladas anuais para 52 milhões de toneladas nos próximos cinco anos. Incluem-se neste grupo projetos da Gerdau; Arcelor Mittal em Tubarão, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Usinas projetadas para funcionar a partir de 2012, como a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), acrescentarão mais 6,8 milhões de toneladas/ano. Projetos que ainda não saíram do papel, como da MMX, Baosteel e Usiminas, prometem outros 19 milhões de toneladas, num total de 78 milhões com data indefinida para começar.
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