Mercado de hidrogênio e captura de carbono no Brasil impulsiona novos negócios

A 2ª edição da Hydrogen Expo South America e a Carbon Capture South America se consolida como o principal evento do setor e termina com saldo positivo de geração de negócios, projetos concretos e formalização de novos acordos internacionais

Terminou na semana passada a Hydrogen Expo South America e a Carbon Capture South America, eventos dedicados a apresentar novas tecnologias e soluções, catalisando o debate em torno do desenvolvimento da cadeia produtiva do hidrogênio como alternativa econômica e ambientalmente viável no processo de descarbonização da indústria brasileira e internacional. 

Com mais de 70 empresas nacionais e internacionais participantes e uma extensa programação de conteúdo, a segunda edição dos eventos foi realizada no Rio de Janeiro e atraiu mais de 3.000 profissionais do setor. "Registramos um aumento significativo no número de expositores e de visitantes de quase 30% com relação à edição do ano passado, o que comprova o avanço desse setor de um ano para o outro", constatou Cassiano Facchinetti, Managing Director da INTERLINK Exhibitions, organizadora dos eventos. 

“São dois eventos em um, que formam uma plataforma exclusiva para colaboração e troca de ideias com o propósito de acelerar a transição energética para um futuro descarbonizado e mais sustentável. Sabemos que a descarbonização não é um desafio fácil e isolado, mas um processo complexo que engloba todos os aspectos da nossa cadeia produtiva. Para isso, a Hydrogen Expo South America e a Carbon Capture South America reúnem a iniciativa privada e o poder público com a indústria, para juntos discutirmos os desafios atuais para a implementação desses projetos e as propostas necessárias para tornar o Brasil um protagonista nesse setor”.

Outro ponto destacado por Facchinetti foi a geração de negócios e parcerias entre as empresas presentes. "Por reunir oferta e demanda, ou seja, de um lado fornecedores de soluções em tecnologias e equipamentos para a produção, distribuição, armazenagem e exploração do hidrogênio e, do outro, grandes indústrias que precisam fazer a transição energética e descarbonizar suas operações, o evento é uma ferramenta estratégica para a geração de negócios e parcerias comerciais". 

Projeção para o mercado de hidrogênio

As visões sobre o futuro do hidrogênio apresentadas durante o evento destacaram perspectivas otimistas e desafios significativos. Winston Fritsch, ex-secretário de Política Econômica no Brasil e curador emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, enfatizou que o hidrogênio tem potencial para substituir carvão e gás natural em larga escala na indústria, apesar dos desafios de custo de capital e logística no transporte. Ele enfatizou que o Brasil, com seus recursos naturais abundantes, enfrenta a questão crucial de escalar a produção e adoção dessa tecnologia.


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Camila Ramos, CEO da CELA (Clean Energy Latin America), compartilhou sua entusiasmada visão sobre o hidrogênio verde, destacando seu potencial diversificado no setor de transição energética. Ela citou projeções da Bloomberg indicando que o hidrogênio verde poderá demandar entre 12 a 22% da energia mundial até 2050, com um crescimento esperado de 30 vezes na oferta de hidrogênio com baixo carbono até 2030. Ramos destacou que China, Europa e Estados Unidos liderarão esse crescimento, com os EUA sozinhos respondendo por uma significativa parcela de 37%.

Ambos os palestrantes concordaram que a transição para uma economia baseada em hidrogênio sustentável é um processo gradual, dependente não apenas de investimento financeiro, mas também de avanços científicos e tecnológicos para alcançar uma escala global eficiente.

Indústria de Mobilidade e Logística 

O evento destacou a importância do hidrogênio no transporte, com especialistas abordando desde a produção de hidrogênio de baixo carbono até suas aplicações em diferentes setores. Jens Hüren, presidente da AHK Rio e Managing Director da MAN Energy Solutions Brasil, enfatizou a necessidade do hidrogênio para descarbonizar frotas de caminhões e ônibus, ressaltando o desafio logístico no Brasil. André Ferrarese, da Tupy, discutiu a possibilidade de aumentar a produção de hidrogênio utilizando biomassas sólidas e eletrólise, sublinhando a necessidade de descarbonizar a indústria que atualmente utiliza hidrogênio cinza.

A Hyundai Motors apresentou seu veículo movido a hidrogênio, o Nexo, e destacou seu compromisso com tecnologias verdes para combater o aquecimento global. Anderson Suzuki, head de novos negócios de hidrogênio da Hyundai, reforçou a urgência de ações concretas e colaboração entre setores para formar uma cidade sustentável. A Hyundai também expande suas soluções de hidrogênio para caminhões, ônibus, bondes, embarcações e mobilidade aérea avançada.

Gustavo Giusti, da Marcopolo, apresentou dados sobre a descarbonização do transporte coletivo com hidrogênio, afirmando que a empresa está investindo em novas tecnologias e projetos para a mobilidade sustentável. Ele ressaltou que cada solução tem seu mercado específico e que a inovação é crucial para o futuro do transporte coletivo.

A próxima edição dos eventos já tem data marcada: 11 e 12 de junho de 2025, no Centro de Exposições Expo Mag, no Rio de Janeiro.

*Imagem de capa: Depositphotos.com