Eco Power discutiu energias renováveis e sustentabilidade

Professores, alunos e muitas pessoas interessadas no futuro do planeta estiveram no dia 3/12 no auditório do Centro de Cultura e Eventos da UFSC para um dia de palestras sobre sustentabilidade e energias renováveis – foi a Eco Power na Universidade. O evento reuniu autoridades nacionais e internacionais em palestras que trouxeram a realidade das energias alternativas em outros países, iniciativas no Brasil e previsões para os próximos anos. Muitos questionamentos foram feitos pela platéia, demonstrando o interesse da comunidade universitária no tema. As fontes de energia eólica na Alemanha e o conceito de mercado voluntário trazido por uma companhia brasileira foram destaques de um dia importante para a universidade.



Jens-Peter Molly, diretor do Instituto Alemão de Energia Eólica (DEWI Group), trouxe a realidade da produção eólica na Alemanha na conferência ‘Perspectivas para Geração Eólica’. O DEWI reúne 900 clientes em 40 países e está no Brasil desde 2004. No próximo ano, expandirá seus serviços para Canadá, China e Itália. Falando em português, Molly apresentou gráficos sobre o crescimento da utilização de energia eólica no seu país e ainda sobre os mercados com potencial para o desenvolvimento dessa energia renovável, além de previsões para 2020 nos principais países.

Segundo Molly, a energia eólica está explodindo no mundo inteiro, principalmente na Ásia. Os dados apresentados na conferência colocam a Alemanha como o país que mais utiliza esse tipo de energia, com 27,8%. Espanha e Estados Unidos utilizam 15,6 % e Índia, 8,4 %. A China, além de estar entre os bons mercados para a produção eólica, com crescimento de 5.2% possui 30 empresas fabricantes de turbinas, revelando porque está no mapa de investimentos do DEWI. No Brasil, apenas uma empresa alemã produz esse material.

Molly apresentou além de dados técnicos e muitos números, os principais efeitos sociais conquistados com a produção de energia eólica. O menor impacto no meio ambiente em relação a outras formas de produzir energia, como as usinas hidrelétricas é evidente. Além disso, um KWH de energia eólica reduz de 0,6 a 1Kg de dióxido de carbono. Os parques de energia eólica podem ser utilizados também para outras atividades, como a agricultura. Interessante são os números de empregos gerados: 500 mil empregos diretos e indiretos em todo o mundo. Dados de 2006 revelam que 74 mil pessoas trabalham em todo processo produtivo na Alemanha.

A expectativa dos países para a produção eólica até 2020 é otimista: os Estados Unidos querem alcançar 80 mil MW produzidos e a Alemanha 45 mil MW, para uma demanda atual de 65 mil MW de energia. Jens-Peter Molly afirma que o mundo mudou completamente desde os primeiros estudos sobre energia renováveis. Países que não aceitavam esse tipo de produção e até mesmo empresas financiadoras relutantes estão agora entrando no mercado.

 A concessionária alemã E. ON, por exemplo, tem contratos milionários para fazer a conexão da rede eólica na Alemanha e outros países, como os Estados Unidos. Assim, encerrando a conferência, o diretor do Instituto Alemão de Energia enfatizou a obrigação de governantes em usar energias naturais para manter o equilíbrio do planeta.

Eduardo Petit, um dos diretores da companhia brasileira Max Ambiental (Maxam) iniciou sua palestra enfatizando que “a humanidade não está suficientemente consciente do problema em que vivemos”. A Maxam busca iniciativas que promovam a redução de emissões dos gases de efeito estufa, principalmente projetos capazes de gerar créditos de carbono. Os serviços prestados pela companhia às diversas empresas englobam desde o processo de desenvolvimento dos projetos até a venda dos créditos no mercado internacional.

Petit mostrou alguns clientes da Maxam que aderiram a uma iniciativa ambiental voluntária: a neutralização do carbono. A neutralização consiste em algumas opções de compensação ambiental, como plantio de árvores, conservação e proteção florestal e investimentos em energia renováveis.

A empresa Nutry - fabricante de barras de cereais – participa desse projeto, com o plantio de 8.700 árvores na cidade paranaense de Pato Branco. As árvores compensarão as 3,5 toneladas de dióxido de carbono produzidas pela empresa. Banco Real e o Portal IG são outros exemplos de parceiros da Maxam.

Petit revelou que até mesmo festa de casamento, lua-de-mel e a Eco Power Conference em Florianópolis utilizaram a neutralização do carbono, mostrando a diversidade de áreas que o método abrange. Ele é otimista quanto à neutralização do carbono, pois acredita que o método traz uma reflexão sobre o futuro da humanidade, já que a luta é para retirar o dióxido de carbono conseqüente da atividade humana. Sendo uma iniciativa voluntária, a empresa parceira conquista a preferência dos clientes e torna-se uma referência na preservação ambiental.

A Maxam distribui selos com a frase ‘Em dia com o Planeta’ para que “seja identificado quem está fazendo alguma coisa para a melhoria do meio ambiente”, explica Petit. Porém, o representante da Max Ambiental revela que não adianta compensar o meio ambiente e continuar emitindo a mesma quantidade de gases do efeito estufa sempre. O objetivo é diminuir as emissões a cada ano, para que “a iniciativa seja para o bem-estar das pessoas e não para pagar a culpa das empresas”.

Finalizando sua apresentação na UFSC, Eduardo Petit falou que a revisão de nossos hábitos ainda é a melhor maneira de preservação e que a comunicação é a estratégia para multiplicar essas iniciativas. No último slide, a frase para fechar um dia de reflexão: “Pessoas ou empresas se distinguem por suas atitudes”.