Fabricantes de máquinas impulsionam produtividade em até 50% com inovações, diz relatório

A mudança de produtos para soluções digitais é fundamental para o sucesso futuro das fabricantes de máquinas, segundo relatório da Bain and Company

Em um cenário global de mudanças rápidas e desafios contínuos, a indústria de máquinas e equipamentos está preparada para uma transformação significativa em sua produtividade. Segundo a segunda edição do Relatório Global de Máquinas e Equipamentos 2024 da Bain and Company, referência em consultoria estratégica, essa transformação pode trazer ganhos de 30% a 50% com a adoção de inovações tecnológicas e práticas sustentáveis. 

Michael Staebe, chefe do setor global de Máquinas, Papel e Metais da Bain & Company, destacou na apresentação do relatório na última quarta-feira (3) que as fabricantes de máquinas e equipamentos continuam dependendo amplamente das abordagens tradicionais de manufatura enxuta. No entanto, elas podem estar investigando maneiras de integrar ferramentas digitais, tecnologias da Indústria 4.0 e práticas de sustentabilidade, enquanto enfrentam desafios de operar em silos organizacionais separados.

"Para realmente se tornarem fábricas de sucesso do futuro e colher ganhos de produtividade, as empresas de máquinas precisam enfrentar três desafios críticos. Em primeiro lugar, devem integrar as novas tecnologias da Indústria 4.0 com sua abordagem e padrões de excelência operacional existentes. Em segundo lugar, precisam integrar a tecnologia operacional e a tecnologia da informação do aspecto operacional e dos sistemas. E, por último, é vital conectar sustentabilidade e circularidade com objetivos comerciais mais amplos e implementá-los em todo o sistema de produção".

Inteligência Artificial

A Bain and Company revela que a Inteligência Artificial (IA) está se tornando uma prioridade crucial para os fabricantes de máquinas, com 75% dos executivos da indústria manufatureira destacando-a como a principal prioridade em Engenharia e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). A implementação bem-sucedida da IA abrange áreas-chave, como compras, montagem, manutenção, controle de qualidade e gestão de armazéns, contribuindo para a resiliência da cadeia de suprimentos e a sustentabilidade diante de desafios macroeconômicos e geopolíticos.


Continua depois da publicidade


A IA generativa também tem o potencial de desvendar informações valiosas de dados não estruturados, segundo a Bain, o que pode resultar em melhorias significativas na produtividade, no atendimento ao cliente e no desempenho financeiro.   

IoT e Sustentabilidade

O setor industrial está priorizando investimentos em chips e tecnologia da Internet das Coisas (IoT), indicando uma rápida adoção de soluções digitais pelas fabricantes de máquinas. Empresas líderes nesse aspecto já demonstram retornos aos acionistas dobrados em comparação com a média do setor. Com foco em soluções digitais personalizadas para clientes específicos em setores verticais da indústria, essas empresas estão construindo cadeias de abastecimento mais integradas e menos fragmentadas. Isso as posiciona de forma competitiva em mercados definidos pelos segmentos de clientes, proporcionando uma vantagem significativa.

O relatório revelou ainda que 47% das grandes empresas de máquinas estão comprometidas com a circularidade, embora muitas iniciativas permaneçam limitadas a reciclagem e redução de resíduos. A circularidade é vista como uma oportunidade de criação de valor, oferecendo novas fontes de receita, resiliência na cadeia de suprimentos e acesso a novos grupos de clientes.

A Bain observa que empresas líderes com operações circulares e habilidades em IoT estão alcançando ganhos substanciais em eficiência e sustentabilidade. Os dados coletados pela IoT oferecem amplas oportunidades para manter os ativos em seu valor máximo por mais tempo, resultando em melhorias na eficiência energética e redução na necessidade de extração de recursos.

O relatório enfatiza a importância de uma estratégia circular para empresas que buscam se manter à frente da concorrência e prosperar em um futuro da economia circular, onde produtos duradouros, serviços e mercados circulares serão essenciais.

“Dados sem uma estratégia circular e uma cadeia de abastecimento para prolongar a vida útil das máquinas e adaptá-las são muito menos eficazes. Os modelos de negócios circulares, por sua vez, dependem de máquinas e dados conectados para reduzir o uso de matérias-primas”, disse Staebe. “As empresas que preveem mudanças nos lucros estarão bem posicionadas para identificar novas oportunidades à frente da concorrência e reimaginar produtos e serviços para um futuro circular”.

*Imagem de capa: Depositphotos