por Rodrigo Bueno    |   20/03/2024

Robótica na indústria automotiva, impulsionando a transição para veículos elétricos com eficiência

Em março de 2024, o Brasil recebe, pelo segundo ano consecutivo, a Fórmula E, um evento que não apenas destaca a inovação e a velocidade, mas também ressalta a crescente importância dos veículos menos poluentes (Híbridos e Elétricos) no cenário global. O E-Prix de São Paulo, prova que faz parte do calendário de 2024, acontecerá no dia 16 na capital paulista, novamente no circuito montado no Sambódromo do Anhembi, situado na zona norte da cidade.

Inaugurada em 2014, a Fórmula E, concebida por Alejandro Agag e Jean Todt, atua como uma arena de demonstração para a capacidade e potencial dos veículos elétricos. Funcionando como um laboratório para as equipes participantes, a competição desempenha um papel importante no avanço da transição energética e na redução das emissões de gases de efeito estufa.

A realização do evento em solo brasileiro sincroniza-se com um período de acentuado crescimento das vendas de veículos híbridos/elétricos e importantes aportes financeiros do setor automotivo, sinalizando um período transformador para a indústria brasileira. A convergência desses fatores sublinha a importância crítica dos investimentos em automação robótica para impulsionar a transição eficiente para a produção destes veículos na indústria automotiva brasileira.

Projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indicam que os investimentos na indústria automotiva brasileira podem atingir a marca histórica de R$ 100 bilhões até 2028/2029. Este ciclo sem precedentes de aportes, abrangendo montadoras e fornecedores de autopeças, alinha-se a um contexto econômico mais estável, impulsionado por reformas estruturais, incluindo a tributária, e pelos princípios orientadores do programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), direcionado à descarbonização da frota e à introdução de carros híbridos a etanol.


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Surpreendendo as previsões, as vendas de carros elétricos e híbridos atingiram um novo recorde no Brasil em 2023, totalizando 93.927 emplacamentos de eletrificados leves. Esse aumento expressivo de 91% em relação a 2022 evidencia uma transformação nas preferências do consumidor brasileiro em direção à mobilidade sustentável.

A transição para veículos elétricos impõe desafios significativos na gestão da complexidade associada à montagem e à cadeia de suprimentos na indústria automotiva. A produção desses veículos e de outros motores eletrificados está destinada a aumentar substancialmente, impulsionada por incentivos governamentais alinhados às metas de mitigação das mudanças climáticas e pela expansão das ofertas de produtos por parte dos fabricantes.

A fabricação global de veículos será caracterizada, portanto, nos próximos anos por um mix fragmentado entre carros a combustão, carros híbridos e carros elétricos, o que destaca a necessidade premente de uma transformação significativa nos processos de produção. A automação robótica, por meio de robôs colaborativos, robôs móveis autônomos e sistemas digitais, emerge como uma solução para enfrentar os desafios associados a essa transição. A flexibilidade proporcionada por essas tecnologias é crucial para atender à demanda variável e à rápida mudança nas preferências dos consumidores.

O aprimoramento da flexibilidade será impulsionado pelos progressos na implementação de robôs colaborativos, robôs móveis autônomos (AMRs) e sistemas digitais. Essas tecnologias possibilitam montagens personalizadas e alterações rápidas na produção. Além disso, a transição para uma logística e manuseio de materiais mais autônomos nas fábricas desempenhará um papel fundamental nesse avanço. A conectividade local mais rápida, incluindo o uso de redes 5G, é essencial para a melhoria desses processos.

Outro ponto crucial na transformação é a mudança para células de produção modulares e individuais. Essas células têm a capacidade de suportar uma maior variedade de produtos e ofertas em comparação com os sistemas de montagem linear tradicionais. Essa abordagem oferece aos fabricantes a flexibilidade de modificar ou substituir células individuais sem interrupções na produção. Dessa forma, é possível iniciar processos em pequena escala e ajustar o ritmo de produção, adicionando ou reimplantando células conforme as mudanças na demanda.

A utilização de big data para o planejamento preditivo será um recurso valioso para os fabricantes otimizarem layouts de produção. Por meio de simulações digitais, a análise de dados permitirá que antecipem e reajam de maneira eficaz a qualquer mudança nas condições. Essa abordagem possibilita uma gestão mais eficiente e proativa das operações, garantindo maior adaptabilidade e eficácia nas respostas às demandas do mercado.

O Brasil encontra-se em um período dinâmico na indústria automotiva, com eventos como a Fórmula E e os investimentos substanciais apontando para uma era de veículos elétricos. A automação robótica emerge como a ferramenta essencial para enfrentar os desafios e garantir uma transição eficiente. Ao abraçar a inovação e investir em tecnologias que impulsionam a produção de veículos elétricos, a indústria automotiva brasileira pode não apenas se manter competitiva globalmente, mas também liderar a transformação elétrica na América do Sul.

*Imagem de capa: Depositphotos

O conteúdo e a opinião expressa neste artigo não representam a opinião do Grupo CIMM e são de responsabilidade do autor.

Rodrigo Bueno

Diretor da área de Robótica da ABB no Brasil